segunda-feira, 2 de julho de 2007

Boyband no Brasil

Texto por Tiago Bacelar (autor deste blog)
No final dos anos 80, o termo “boyband” se tornou bem popular no Brasil. Esse estilo musical nasceu nos Estados Unidos para designar grupos “pop”, integrados unicamente por garotos “cantores”, “dançarinos” e de “boa aparência”. Nos anos 60 podemos citar os “The Temptations” e nos anos 70 teve o “Menudo”, que fez muito sucesso no Brasil, lotando quando estiveram aqui o Maracanã no Rio de Janeiro e o Morumbi em São Paulo. O mais importante para o boyband é a imagem do grupo, que está sempre ligada a toda uma indústria cultural particular, voltada para vender roupas, revistas juvenis, discos, clipes e tudo mais de bugigangas ligadas àqueles astros.
Outro caso típico do boyband, é que cada integrante de um grupo deve ter obrigatoriamente uma personalidade esteticamente estereotipada – o Bad Boy, o Mauricinho, o Playboy, o tímido, dentre outros adjetivos. Por serem uma espécie de produto pre-fabricado pela Indústria Cultural, essas bandas, normalmente, possuem a figura de um único produtor, que escreve, arranja e produz as músicas, sempre exercendo o controle sobre a manutenção do som do grupo. No boyband, os músicos revezam na voz, enquanto os outros executam uma coreografia sempre ligada a letra e a melodia da música. São raras as composições feitas por integrantes do grupo, pois a maioria é pré-gravada e submetida as determinações da gravadora. Nsync, Backstreet Boys e The Monkees possuem um certo controle sobre a produção de seus discos.
A febre do Boyband no Brasil teve início com o grupo Latino Menudo e tornou-se mais eficaz com a chegada das músicas do New Kids On the Block. Essa banda nasceu em Boston, nos Estados Unidos, em 1984, pelas mãos de Donnie Wahlberg, Jordan Knight, brother Jonathan Knight, Danny Wood e Joe McIntyre. Apesar de terem lançado seu primeiro disco em 1986, o New Kids on the Block só viria a decolar mesmo dois anos depois com a música Hangin Tough, que chegou a vender oito milhões de cópias em todo o mundo. Depois vieram os hits “I'll Be Loving You Forever”, “Please Don't Go Girl”, “Cover Girl”, “You Got It (The Right Stuff)” e “Step by Step”. Esse último tornou-se coqueluche nas discotecas brasileiras. Depois de faturarem muito, os integrantes do New Kids On the Block se separaram em 1994.
Enquanto, estavam na ativa o New Kids On the Block abriram espaço para o surgimento de diversas “boyband” brasileiras. Uma delas foi o grupo Dominó, formado em 1985, por Affonso, Nill, Marcos e Marcelo. Seus maiores sucessos foram “Companheiro”, “P da Vida”, “Manequim” e “Com Todos Menos Comigo”. Essa banda durou até 1992. Junto com o Dominó apareceu o Polegar. Ele surgiu em 1989, pelas mãos do empresário e apresentador Augusto Liberato. Sucessos como "Dá pra mim", "Ela não liga" e "Sou Como sou" viraram a cabeça dos jovens brasileiros.
Depois de dois Lps lançados, o grupo se separou e tomou rumos diferentes. O vocalista Alex Konti se firmou como arranjador e compositor e produziu artistas como Pepê e Neném, Fernanda Souza e Eliana, além de trilhas para novelas da emissora brasileira SBT. Depois dessa fase, Alex acabou se envolvendo com as drogas e chegou a ser preso duas vezes. Os outros integrantes, Alan e Ricardo, se formaram em medicina e direito respectivamente. Em 2004 o grupo voltou, lançando um CD com a música "Mariana", de autoria de Alex Konti e Sérgio Gil.
Além do Polegar e do Dominó, apareceram outros como os Paquitos da Xuxa, mas que sucumbiram da mesma forma quando a indústria cultural viu que o gênero “boyband” não era mais interessante de ser produzido com bandas locais. No final dos anos 90, bandas como Hanson e Backstreet Boys chegaram a reanimar por um tempo o mercado do boyband no Brasil. Mas, realmente os gostos tinham mudado, e o novo boom terminou sendo enterrado de vez. Se um dia vai voltar... É complicado dizer... Pois, no momento, a indústria cultural brasileira está interessada mais no que há de pior como Tati Quebra Barraco, Lacraia, Bonde do Tigrão, e coisas do gênero. Exceções como Maria Rita e Milton Nascimento são casos a parte, prova que a MPB ainda tem salvação.

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