sábado, 29 de agosto de 2009

Uma salada mista latino-americana


Por Tiago Bacelar
Há 41 anos, em 1968, era lançado um filme, considerado pela crítica cinematográfica mundial como um grande “clássico” do cinema latino-americano, intitulado de Memórias do Subdesenvolvimento. Produzido pelo cineasta Tomás Gutierrez Alea, o filme leva o espectador para a Ilha de Fidel pós-revolução cubana. O passeio da fotografia de Ramón Suarez pelas ruas do arquipélago e pela casa de Ernest Hemingway imediatamente nos remete ao cinema documental e neo-realista de Roma, Cidade Aberta (Roberto Rossellini) e Rio 40 Graus (Nelson Pereira dos Santos). Indo mais para o passado, esse longa-metragem lembra muito também o cinema verdade soviético de Dziga Vertov em Câmera Olho.
A atuação de Sergio Corrieri, Daisy Grandos e Eslinda Nuñez antecipa um estilo de interpretação bem característica do audiovisual latino-americano, especialmente o mexicano, que persiste até hoje. É um desempenho frente às câmeras exageradamente dramático, com muitos gestos corporais, gritos e cachoeiras de lágrimas. Um marco inicial desse tipo de ator é a película de Emilio Fernandez, Maria Candelária (1944), aonde o espectador é levado a suportar Dolores Del Rio (Maria Candelária) e Pedro Armendáriz (Lorenzo Rafael) em busca de sua porquinha.
Esse exagero na telona pode ser visto nos filmes de Glauber Rocha, que adorava fazer uma ceninha para o espectador, olhando diretamente para a câmera, no intuito de divulgar sua “estética da fome” aos brasileiros. Na atualidade, o México tornou-se especialista nesse mercado do dramalhão hiper, mega e ultra-exagerado com as “famosas” novelas mexicanas.
São vários os exemplos, tais como: a trilogia das Marias com a atriz e cantora Thalía (Maria do Bairro, Marimar e Maria Mercedes), Carrossel, Chiquititas, A Usurpadora, Pícara Sonhadora, Rebelde, No Limite da Paixão, A Feia Mais Bela, Esmeralda, Rosa Selvagem e Laços de Amor. Em meio a esse dramalhão todo, Memórias do Subdesenvolvimento consegue confundir quem o assiste. Apesar de ser considerado um “clássico”, o filme de Alea não sabe se quer ser um novelão, um documentário ou uma ficção “revolucionária”.
O personagem de Sergio Corrieri não faz idéia de quem é na verdade. Será ele um “Don Juan” do cinema cubano ou um “revolucionário”, cuja família imigrou para os EUA? Em 97 minutos, essa pergunta não é respondida e ainda sobrou para o Fidel, que aparece no final de Memórias do Subdesenvolvimento totalmente deslocado de uma história sem nexo, pé e cabeça. Com essa produção audiovisual, o cineasta Tomás Gutierrez Alea entrou para a história do cinema por ter feito um clássico “salada mista”, em que o espectador e o próprio diretor ficam perdidos naquele confuso mundo diegético.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Estréia do documentário Japão em PE - 50 anos é um grande sucesso

RIO DE JANEIRO - Na quinta-feira passada, 30 de julho, a Sala de Cinema 2 da Caixa Cultural ficou lotada para assistir ao curta do estudante de cinema da UFPE, Tiago Bacelar, sobre os 50 anos da imigração japonesa em Pernambuco. Segundo o Programador Assistente e Produtor da Mostra Competitiva Nacional e Mostra Informativa da 14ª Edição do Festival Brasileiro de Cinema Brasileiro (FBCU), Raphael Fonseca, "a exibição foi ótima e correu tudo dentro do esperado pela coordenação do Festival. O público gostou muito". Para quem não viu, ainda terá uma nova oportunidade. Será no próximo domingo, 09 de agosto, às 14h30, na Sala de Vídeo, do Centro Cultural dos Correios. Mais informações: http://www.fbcu.com.br/2009/info_filme.php?c=114

Um programa imperdível. Não percam!!!!!!!!!!!!!