sábado, 9 de julho de 2011

PAULÍNIA 2011: Filme de Selton Mello superlota sessão e é aplaudido de pé

Fonte: http://cinema.cineclick.uol.com.br/noticia/carregar/titulo/paulinia-2011-filme-de-selton-mello-superlota-sessao-e-e-aplaudido-de-pe/id/31006
Foi uma noite agitada em Paulínia. Horas antes do início da projeção do aguardado O Palhaço, uma pequena multidão já se concentrava em frente ao Teatro Municipal da cidade, à espera do novo filme estrelado e dirigido por Selton Mello. Mas a espera não seria pequena. Faltavam ainda as projeções dos curtas da noite, dos micrometragens (máximo de 3 minutos) participantes do evento Cel.u.cine (um festival de filmes para celulares, vejam só!) e a exibição do emocionante documentário Uma Longa Viagem – comentado na matéria de Heitor Augusto.
Com o excesso de gente, houve um princípio de tumulto. Nada grave, pois os ânimos foram acalmados pelo bom senso conjunto de Emerson Alves - Secretário de Cultura de Paulínia e diretor do Festival – e de Rodrigo Fante, da Imagem, a distribuidora do filme, que garantiu “quantas sessões extras sejam necessárias” para atender ao público que não conseguiu entrar.
A tensão gerada pela espera foi rapidamente dissipada assim que as primeiras imagens e os primeiros sons de O Palhaço invadiram a tela e as caixas acústicas do cinema. Da cena inicial aos créditos finais, o filme é uma encantadora preciosidade. Além de dirigir, Selton faz o papel de Benjamin, mais conhecido como o palhaço Pangaré de um circo mambembe significativamente batizado de “Esperança”. Ou seja, tanto na tela como na vida real, além de carregar o difícil fardo de fazer rir, Selton/Benjamin/Pangaré também administra o negócio. Que, nesta ficção, passa de pai para filho. Um pai também palhaço, vivido por Paulo José, numa interpretação que deveria ser assistida de joelhos por todos os presentes.
Pangaré é um palhaço estressado. Não apenas não se sente à vontade no picadeiro como também não consegue tirar da cabeça as reivindicações de sua trupe, tais como um ventilador e um sutiã tamanho gigante. Seu incômodo com a vida gera no filme um humor arrebatadoramente cruel, refinado, sarcástico, e não raramente nonsense. Um jeito de fazer rir e pensar que remete às comédias sociais do leste europeu. É isso: O Palhaço tem ares de cinema romeno. Mas com afetividade brasileira.
Tudo no filme é caprichado. A direção de arte cria com talento o clima ao mesmo tempo onírico e despojado do pequeno circo que perambula por um Brasil empoeirado. A fotografia dá tons pastéis amarelado à trama, enquanto a trilha une escancarados sopros com ares de banda a divertidas canções bregas dos anos 70, época em que a ação de se situa. De quebra, proporciona ao ator/cantor Moacyr Franco, prestes a completar 75 anos, a melhor interpretação de sua carreira, aplaudida em cena aberta.
Ao final da projeção, a plateia veio abaixo e aplaudiu de pé. Antes da exibição, no palco do cinema, Selton Mello havia dito que esperava que a delicadeza de O Palhaço se espalhasse por todos os presentes, “como uma coceira”, em suas palavras. A julgar pela reação do púbico, todos estão se coçando até agora.

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