Olinda – Na Casa da Rabeca do Mestre Salú, me encontrei com Severino Ferreira da Silva, conhecido por Mestre Ferreira. Ele nos conta como foi o encontro há 42 anos com o Mestre Salustiano.
Tiago Bacelar - Como foi esse grande encontro?
Mestre Ferreira - Eu conheci o Mestre Salustiano aqui em Olinda, na época que éramos muito jovens. Estava na casa da minha irmã, quando ouvi o som de uma rabeca. Pelo que me lembro até hoje, pra essa história ficar mais completa, existia um instrumento chamado Zabumba, que naquele tempo era conhecido como Melê.
TB – Melê?
MF – O melê era feito com uma borracha e ocupava o lugar, que hoje, é do Zabumba, o forró pé-de-serra. Genuinamente, ele é composto com o Zabumba, o triângulo e o acordeão. O Mestre Salú fazia o forró pé-de-serra já com a rabeca, o melê e o triângulo. Então, voltando ao nosso primeiro encontro. Eu ouvi a tardezinha, por volta das sete horas, e me dirigi para lá. Era a outra rua e lá estava ele. Quando eu perguntei, você é da onde? Aí, ele me disse que era de Nazaré da Mata. Eu disse – Rapaz, nós somos conterrâneos! A gente era jovenzinho, muito jovem. Salustiano também me perguntou de onde eu era e
disse que era de Aliança, que nasci em Lagamar, que é um engenho, pertinho do município de Aliança. E então, a gente se entrosou e fomos acompanhar o Cavalo-Marinho Boi Matuto, que era o Cavalo-Marinho dele naquela época.
TB- E...?
MF - Fizemos o Cavalo-Marinho, eu brinquei de Rediquim, de Galante... Depois, fomos fazer uma Ciranda. Ele fez a Ciranda Nordestina e eu acompanhando ele. Então, passado um tempo, comecei a cantar ciranda com ele. E ele me disse certa vez – Ferreira, você já dá para caminhar com os seus próprios pés. Eu disse: Eu, mestre? Ele responde: Sim, você já dá. Você vai assumir o meu lugar na Ribeira, que é na Cidade Alta de Olinda. Ele cantava lá. Mestre Salú cumpriu a promessa e me arrumou um lugar para eu cantar Ciranda, Candeias. Ele disse – Você vai ficar no meu lugar aqui. Eu disse para ele: Mas, rapaz, eu não tenho terra, nem um bombo, nem nada. Aí ele disse: Fique tranqüilo, que eu dou um jeito. Foi então, que ele comprou um bumbo, um tachou, um ganzá, e, nesse tempo, ele tocava na ciranda com mais dois músicos. Mestre Salú decidiu que eu ficaria com o Pedro e ele com o Mané Bento.
TB - E foi fácil continuar sem ele, ao lado, dando apoio?
MF - Pra mim foi muito difícil, no início, cantar sozinho, sem ele. Porque junto dele era uma coisa, mas me achei só ali. Mas mesmo assim fiz a Ciranda. Depois de uns dois meses desse ocorrido, ele apareceu na Ciranda. Lá onde ele estava não teve ciranda e decidiu retornar, pois viu que em Olinda o pessoal gostava por demais da música do Mestre Salú. E hoje, nós desempenhamos juntos essa cultura viva.
TB – Mais de 40 anos de amizade... Ele deve significar muito para o senhor, não?
MF - Eu, quando falo do Mestre Salustiano, falo de uma árvore que a profundidade das raízes não tem fim. Ele vem passando o que Deus tem dado a ele pra muita gente. E Hoje, nos sábados, aqui na Casa da Rabeca, Mestre Salú repassa o Cavalo-Marinho para as crianças e os jovens. Eu garanto que ele tem muita vontade de passar essa cultura para novas gerações. Hoje, eu sou conhecido, em Brasília, no Ministério da Cultura, como Mestre de Cultura.
FB – Além de mestre rabequeiro, também Mestre de Cultura?
MF - Eu devo tudo ao Mestre Salustiano. Ele ia dar um seminário e me enviou no lugar dele. Eu agradeço tudo que eu tenho a ele, porque ele me levou sempre. Nunca quer me ver por baixo, sempre me ajudou e ainda ajuda. Todos os projetos dele, ele me coloca. Ele sempre diz: Ferreira, nós estamos desempenhando agora uma outra Cultura, que é dos Versos e Viola, onde nós cantamos de viola, como repentistas, que é uma das Culturas nordestinas. Foram embora Patativa do Assaré e vários repentistas de cordel. Agora o Mestre Salustiano está revivendo isso. Nós estamos cantando todos os domingos, de 4h às 5h da tarde. Onde tem Cultura Popular, o Mestre Salustiano está perto, está cultivando, está limpando essa terra para nascer frutos bons.
Tiago Bacelar - Como foi esse grande encontro?
Mestre Ferreira - Eu conheci o Mestre Salustiano aqui em Olinda, na época que éramos muito jovens. Estava na casa da minha irmã, quando ouvi o som de uma rabeca. Pelo que me lembro até hoje, pra essa história ficar mais completa, existia um instrumento chamado Zabumba, que naquele tempo era conhecido como Melê.
TB – Melê?
MF – O melê era feito com uma borracha e ocupava o lugar, que hoje, é do Zabumba, o forró pé-de-serra. Genuinamente, ele é composto com o Zabumba, o triângulo e o acordeão. O Mestre Salú fazia o forró pé-de-serra já com a rabeca, o melê e o triângulo. Então, voltando ao nosso primeiro encontro. Eu ouvi a tardezinha, por volta das sete horas, e me dirigi para lá. Era a outra rua e lá estava ele. Quando eu perguntei, você é da onde? Aí, ele me disse que era de Nazaré da Mata. Eu disse – Rapaz, nós somos conterrâneos! A gente era jovenzinho, muito jovem. Salustiano também me perguntou de onde eu era e
disse que era de Aliança, que nasci em Lagamar, que é um engenho, pertinho do município de Aliança. E então, a gente se entrosou e fomos acompanhar o Cavalo-Marinho Boi Matuto, que era o Cavalo-Marinho dele naquela época.
TB- E...?
MF - Fizemos o Cavalo-Marinho, eu brinquei de Rediquim, de Galante... Depois, fomos fazer uma Ciranda. Ele fez a Ciranda Nordestina e eu acompanhando ele. Então, passado um tempo, comecei a cantar ciranda com ele. E ele me disse certa vez – Ferreira, você já dá para caminhar com os seus próprios pés. Eu disse: Eu, mestre? Ele responde: Sim, você já dá. Você vai assumir o meu lugar na Ribeira, que é na Cidade Alta de Olinda. Ele cantava lá. Mestre Salú cumpriu a promessa e me arrumou um lugar para eu cantar Ciranda, Candeias. Ele disse – Você vai ficar no meu lugar aqui. Eu disse para ele: Mas, rapaz, eu não tenho terra, nem um bombo, nem nada. Aí ele disse: Fique tranqüilo, que eu dou um jeito. Foi então, que ele comprou um bumbo, um tachou, um ganzá, e, nesse tempo, ele tocava na ciranda com mais dois músicos. Mestre Salú decidiu que eu ficaria com o Pedro e ele com o Mané Bento.
TB - E foi fácil continuar sem ele, ao lado, dando apoio?
MF - Pra mim foi muito difícil, no início, cantar sozinho, sem ele. Porque junto dele era uma coisa, mas me achei só ali. Mas mesmo assim fiz a Ciranda. Depois de uns dois meses desse ocorrido, ele apareceu na Ciranda. Lá onde ele estava não teve ciranda e decidiu retornar, pois viu que em Olinda o pessoal gostava por demais da música do Mestre Salú. E hoje, nós desempenhamos juntos essa cultura viva.
TB – Mais de 40 anos de amizade... Ele deve significar muito para o senhor, não?
MF - Eu, quando falo do Mestre Salustiano, falo de uma árvore que a profundidade das raízes não tem fim. Ele vem passando o que Deus tem dado a ele pra muita gente. E Hoje, nos sábados, aqui na Casa da Rabeca, Mestre Salú repassa o Cavalo-Marinho para as crianças e os jovens. Eu garanto que ele tem muita vontade de passar essa cultura para novas gerações. Hoje, eu sou conhecido, em Brasília, no Ministério da Cultura, como Mestre de Cultura.
FB – Além de mestre rabequeiro, também Mestre de Cultura?
MF - Eu devo tudo ao Mestre Salustiano. Ele ia dar um seminário e me enviou no lugar dele. Eu agradeço tudo que eu tenho a ele, porque ele me levou sempre. Nunca quer me ver por baixo, sempre me ajudou e ainda ajuda. Todos os projetos dele, ele me coloca. Ele sempre diz: Ferreira, nós estamos desempenhando agora uma outra Cultura, que é dos Versos e Viola, onde nós cantamos de viola, como repentistas, que é uma das Culturas nordestinas. Foram embora Patativa do Assaré e vários repentistas de cordel. Agora o Mestre Salustiano está revivendo isso. Nós estamos cantando todos os domingos, de 4h às 5h da tarde. Onde tem Cultura Popular, o Mestre Salustiano está perto, está cultivando, está limpando essa terra para nascer frutos bons.
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