sábado, 30 de junho de 2007

Mestre Salú - Patrimônio Vivo da Cultura Pernambucana

Texto por Tiago Bacelar (autor deste blog)
Olinda – Subindo a Cidade Tabajara, no município de Olinda, em Pernambuco, nós chegamos a Casa da Rabeca do Brasil, sede do trabalho desenvolvido por um Mestre de Cultura Popular, que além de ser um rabequeiro por natureza, ajuda a manter vivos os folguedos populares para as próximas gerações. Nascido no dia 12 de novembro de 1945, na cidade de Aliança, Mata Norte de Pernambuco, o músico e instrumentista autodidata, Manoel Salustiano Soares, conhecido como Mestre Salu, decidiu, desde jovem, que viveria de cultura na capital. Com apenas sete anos, passou a ajudar o pai, seu João Salustiano, amarrando cana, enquanto através da sua própria figura paterna, conhecia folguedos como o cavalo-marinho, em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco. Mestre Salu foi motorista profissional e vendedor de picolé. Aos 19 anos, mudou-se para Olinda, onde iria desenvolver os melhores projetos da sua vida. Hoje, prestes a completar 60 anos de idade, ganhou projeção nacional e internacional, sendo um formador de discípulos da sua arte.
Tiago Bacelar - Quais foram às influências do seu pai e do cavalo marinho na sua carreira?
Mestre Salustiano - A influência do meu pai foi muito importante. Ele foi um dos melhores toadeiros e rabequeiros do Estado de Pernambuco, principalmente da Mata Norte. Papai, sempre foi um homem que teve a preocupação de além dele saber fazer, ele tinha a preocupação de transmitir isso para os filhos. Meu pai cantando toada em primeira e segunda voz, com outros companheiros, e a rabeca na melhor qualidade, de baiano, de cavalo marinho, de chamadas e toadas. Meu pai sempre dominou, e ainda domina porque ele ainda toca muita rabeca. Aí, transmitiu para mim e eu dei carreira ao que o meu pai passou. Hoje em dia, o povo diz que eu toco mais rabeca do que ele. Ele só não aprendeu a fazer rabeca, eu aprendi. De qualquer maneira, ele é o culpado de eu saber o que sei.
TB - Quando surgiu a paixão de Mestre Salustiano pela rabeca?
MS - Rapaz, ela já entrou na vida pelo som dela, pela beleza dela, aos sete anos de idade. Agora, para eu tocar, eu tive a competência de começar com 17 para 18 anos. Um dos meus irmãos aprendeu a tocar com apenas 12 anos de idade, mas depois deixou a rabeca pra pegar numa sanfona. E eu me apaixonei; habituei-me na rabeca e dos 18 anos pra cá, eu não perdi a paixão por uma rabeca boa. E agora, eu estou aprendendo a tocar uma viola de 10 cordas. E a sanfona, eu comprei uma, mas não sei se vou ter condição de aprender a tocá-la. Verei as suas tonalidades pra quem sabe completar o meu currículo.
TB - Como o Maracatu Baque Solto Piaba de Ouro foi fundado?
MS - Ele foi fundado em um de setembro de 77. Aí, foi quando eu criei o Piaba de Ouro. Nessa época, eu já tinha influência de outros maracatus, eu brincava em muitos maracatus como o Leão da Barra, o Leão de Águas Belas, o Leão daqueles interiores por ali, o Boi de Pedro André lá do Engenho de Terra Nova. Eu já tinha uma ligação muito grande ao carnaval com o Maracatu. Com a Academia Brasileira do Bumba, aí eu disse, sabe de uma coisa, eu tenho que criar um maracatu pra mim, para eu dominar. Pior que ser dominado não é uma coisa boa, é bom a gente provar de uma participação de onde a gente seja o atuante da história. E foi o que aconteceu comigo, eu criei a Piaba de Ouro. E hoje, eu comecei com 27 componentes, Piaba de Ouro já tem 323 componentes. É o maior Maracatu do Estado de Pernambuco. Hoje, está dando continuidade com meus filhos na direção. Eles são os presidentes e os diretores. E dão continuidade, fazendo um trabalho de melhor qualidade.
TB - O que o Mestre Salustiano poderia dizer de Ariano Suassuna?
MS - Ariano é uma grande figura, um grande escritor, um grande ator, um homem que sabe de cultura, é o fenômeno do Brasil da cultura brasileira. Ele é um homem que entende das raízes da cultura. Ariano é um homem que só dá alegria ao povo brasileiro. Porque Ariano com o seu Auto da Compadecida, que ele domina muito bem, os quadros de Ariano, é uma coisa encantável, que deixa tudo mundo encantado, as aulas espetáculo de Ariano não deixa ninguém calado porque suas histórias são verídicas como uma que fala de Taperuá, das cabras dele, que ele cria lá. Ele fala com uma segurança, que a gente fica alegre. Ele vai dar uma aula espetáculo de um ou duas horas, a gente quer que ele passe o dia conversando, porque ele tem muita história boa pra passar para a gente. E Ariano, eu fui assessor especial de Ariano, aonde Ariano me deu uma grande condição de trabalho. Aonde tive o prazer durante o terceiro governo do Doutor Arraes, em 1994, onde eu tive o direito de ser o Assessor Especial na Cultura Popular do Estado de Pernambuco e seus 187 municípios. E realmente só levamos alegria para o povo, com o pequeno recurso que nós tínhamos, mas a cultura popular com Ariano Suassuna teve vez.
TB - Qual a sensação de ter sido o responsável pela formação de artistas como Antônio Nóbrega, Siba e Chico Science?
MS - Olha isso é importante, é uma herança que já vem de pai para filho. Quer dizer que é uma semente dada pelo meu pai, que tenho o dever de continuar transmitindo para eles e para outros que estão surgindo por aí como Cláudio da Rabeca, Dinda Salu, Maciel Salu, e os meninos do cavalo marinho daqui da Casa da Rabeca, que eu dou aula todos os sábados, das 18 às 21 horas. E há também muitos meninos daqui da comunidade de Cidade Tabajara, vem gente de faculdade, universitários vêm aprender o cavalo marinho, dançar, cantar, aprendendo tocar rabeca. Tudo isso que está acontecendo, está andando muito bem.
TB - Quando e como surgiu a idéia de criar a Casa da Rabeca?
MS - Olha, a Casa da Rabeca do Brasil foi um sonho muito importante na minha vida. Eu tive certa vez uma conversa com o Carlinhos Brown e Gilberto Gil em Salvador, onde até vou fazer um show lá, o povo da Bahia me trata muito bem. E aí o que acontece. Eu já tinha criado muita coisa como maracatu, mamulengo, ciranda, coco, criei o Ilumiara Zumbi com Ariano Suassuna e o Doutor Arraes em 95. Aí depois disso, eu disse, o bom seria eu criar algo privado dentro da minha propriedade, onde eu possa mostrar a cultura brasileira ao povo de um modo geral, do coco timbolado, da viola, do forró, da Uganda, do Arrasta-pé, da Quadrilha, do Bumba Meu Boi, do Cavalo Marinho, tudo isso que eu apresentar aqui, na Casa da Rabeca do Brasil do Mestre Salú, que é como a casa é batizada. E realmente começamos aqui com quatro paus, fiado e duas palhas de coqueiro em cima. Eu tocando ali no pé da calçada. E hoje, estamos com um espaço pra botar aqui três mil pessoas acomodadas, ainda está ampliando. Já tem ali uns Gaipó armados pra acabar de fazer a coberta. E agora, no próximo 12 de novembro, no meu aniversário de 60 anos, se deus quiser essa obra já vai estar concluída. E quem vir aqui, vai achar uma grande diferença do que era antigamente e o que é hoje. A Casa da Rabeca é uma coisa importante, chegam os colégios aqui pedindo espaço, eu atendo com carinho, os pesquisadores vêm aqui pra fazer uma entrevista comigo. E eu não fico me preocupando em achar um lugar que tenha silêncio, pois aqui tem o silêncio, a inspiração que surge com as árvores. Isso é tão importante para gente, até pra gente se inspirar em tocar e falar, aqui o lugar já é outro.
TB - Como nasceu o encontro da rabeca com a sanfona?
MS - Eu sempre dizia para os meus companheiros, discípulos do saudoso Luiz Gonzaga, milhares de sanfoneiros, que não tiveram a coragem de criar uma casa com a cara do sanfoneiro, que já devia ter. Tem o Forró de Arlindo dos Oito Baixos, mas não se diz que a casa dos sanfoneiros. Aí, pra eu não deixar os sanfoneiros de fora, eu procurei eles e perguntei se agente não podia fazer um encontro entre rabeca e sanfona. Que a Casa da Rabeca do Brasil vai acolher os sanfoneiros aqui, e hoje já está acontecendo com muito sucesso esses encontros. E eles participando com as melhores bandas de forró pé-de-serra daqui. Quem quer forró pé-de-serra legítimo, vem pedir aqui na Casa da Rabeca a Mestre Salú, que eu indico os melhores sanfoneiros, que é tudo passado aqui na minha mão. E provar do acorde da minha rabeca, porque tem que tocar comigo pra ver se passa no teste. Se não passar corre. Pois é, isso é que é importante e eles estão felizes com isso, de ter esse espaço aqui sábados e domingos. Todos os fins de semana têm forró aqui e besta é quem não vem pra perder essa oportunidade tão gostosa aqui, o restaurante funcionando, tira gosto de melhor qualidade, bode, macaxeira com charque, galinha de capoeira de cabidela, Jia, um prato delicioso, a calabresa, muitas coisas boas que saem aqui. E quem vem, quer ficar vindo. E por isso, eu me sinto orgulhoso aqui na Cidade de Olinda, Marina dos Caetés, Patrimônio Cultural da Humanidade, hoje, como a Capital Brasileira da Cultura. E eu fico honrado de ter essa casa aqui, atendendo ao povo olindense, pernambucano e brasileiro.
TB - Por que existe em sua opinião um preconceito por parte de violinistas ao trabalho dos rabequeiros?
MS - Não acho que seja bem um preconceito. É porque o violinista trabalha mais com música erudita e o rabequeiro é um povo semi-analfabeto, ele vai tocar a maioria das músicas de ouvido. O violinista não consegue com tanta facilidade tocar de ouvido, até porque se ele tocar de ouvido, ele vai se perder. Porque quando ele toca um frevo, um forró, esse negócio, ele não vai saber tocar. Sabe tocar a música erudita, preso àquela partitura, ele vai rubricar. Mas, de ouvido quem domina é o Mestre Salú e o povo que aprende com mestre Salú.
TB - Como foi participar de filmes como Abril Despedaçado e Moro no Brasil?
MS - Rapaz, isso é bom e foi uma experiência importante. Eu ia fazer um show e a menina me pegou na palavra. Aí ela me disse – Mestre, a sua agenda pra amanhã como é que está? Aí, eu disse – Tá livre. E domingo também, porque eu tenho um convite pra você fazer um filme no Rio de Conta, no interior da Bahia, em Vitória da Conquista. E eu quero você participando da trilha da música do Sonora Brasil, que era do Abril Despedaçado, desse filme. Indicaram lá do Mamulengo de Glória de Goitá, que o melhor rabequeiro do Brasil era você. E não tem outro pra botar essa música a não ser você. Aí eu digo – eu topo. Aí no outro dia de manhã, eu já estava voando para ir pra lá. E foi ótimo o trabalho, foi uma experiência muito boa, como naquela minissérie da TV Globo Hoje é Dia de Maria também, a novela que vai dar a segunda partida agora, dia 11. Isso acabou sendo pra muito fundamental pela experiência que eu tenho e tive, participar de vários eventos Rock in Rio e de muitas coisas de cultura diferente, mas eu não acho nada diferente, é uma troca de experiência. Cada vez que a gente troca experiência, vai aprendendo mais.
TB - De que forma o Mestre Salustiano ajuda a manter vivos folguedos como o coco, a ciranda, o maracatu, o aboio da vaquejada, o mamulengo, o caboclinho e o frevo?
MS - Com muita dificuldade. Mas, de qualquer maneira está melhorando. Vai às pessoas que gosta, nas repartições públicas como estadual e municipal, no ministério. A gente não arruma tanto, mas o pouquinho que vai arrumando, vai dando pra ir mantendo. Eu espero que vá melhorar cada vez mais porque o desenvolvimento que vai tendo como Olinda, capital brasileira da cultura. Eu espero que venha um subsídio pra gente criar alguma coisa. Eu acho que seja muito importante isso. Eu também estou disputando uma vaga a Patrimônio Vivo da Cultura, de 133 candidatos, donde serão agraciadas 12 pessoas jurídicas e físicas. Esse tipo de prêmio é importante pra gente ver que o desempenho em favor da cultura está sendo bem feito e quem vencer terá merecido, pois são iniciativas como essas que nos motivam cada vez mais a continuar. É uma abertura que estamos vendo, onde o povo vai ter vez com a cultura popular.
TB - Qual foi a sensação lançar Sonho de Rabeca, seu primeiro CD, depois de 45 anos de carreira?
MS - Eu sempre tive a vontade ver a minha música rolando na praça e como eu to vendo hoje até no exterior, já tendo a oportunidade de chegar a um americano o Maracatu de Baque Virado. Certa vez, aqui em Olinda, ele me disse que aprendeu a tocar com o Sonho da Rabeca de Mestre Salú e que se não fosse meu disco, ele me disse que não saberia tocar Maracatu de Baque Virado. E no meu CD, de tudo tem, é Baque Virado, é Baque Solto, é Caboclinho, é Boi de Vaquejada, de tudo você encontra no Sonho da Rabeca. Aí o que acontece. Isso é uma fusão de cultura popular, uma mistura muito gostosa, que chama a atenção tanto do povo brasileiro quanto do público estrangeiro. Está aí a prova, que a semente está chegando cada vez mais. O Sonho da Rabeca está fazendo mais e mais sucesso. Ainda hoje, ele vendo bem e eu já estou com um repertório bem grande de ciranda e de forró pra gravar. Eu espero que daqui para janeiro, esteja com o segundo disco na praça, tô lutando pra isso. Música dos outros, eu não sei cantar. Só sei cantar, música própria.
TB - Como foi mostrar a cultura pernambucana para países como Cuba, Estados Unidos e França?
MS - Foi muito importante porque eu como pernambucano e como agricultor, um homem lutador na palha da cana do interior da Mata Norte de Pernambuco, não tinha esperança de chegar ao exterior. A minha cidade, aqui em Pernambuco, tudo bem, eu tinha fé que poderia cantar alguma coisa por aqui. Mas, graças a deus, eu tive a sorte de levar a minha música para o exterior. Foi muito bem aceita. O povo de lá me disse que eu era o maior rabequeiro do Brasil e que a minha música era muito contagiante. E dançou todo mundo, compraram muitos discos meus. Ainda hoje, eles pedem disco pela internet, e eu mando pelo SEDEX, o CD que eles pedem. E quando os turistas vêm pra cá, comprar o CD para eles, levam pra seus países outros CDs, pois conhecidos deles pediram para comprar. Isso é uma prova que a minha música agradou ao público europeu, norte-americano e cubano.
TB - Como o pai de 15 filhos de nove mulheres tenta manter viva a tradição popular na família?
MS - Isso pra mim é o mais o importante. É uma prova que a cultura se mantém viva mais forte. Porque manter cultura com gente estranha é difícil, inclusive quando chega o momento de ganhar dinheiro. Sendo dentro da família, é mais fácil de conciliar isso. Nove filhos fazem parte dos meus espetáculos. E realmente todo mundo vê, é show. Todo mundo que vê diz que é dos melhores shows que o povo já teve. Aqui mesmo em casa, quando eu faço um espetáculo, o povo fica encantado de me ver fazer uma apresentação, de ter aceitação em Pernambuco e de ter aceitação fora. O povo lá de Salvador mesmo, fica ligando direto. Doido que chegue logo pra tocar novamente para o povo baiano, levando o coco, a ciranda, o forró pé-de-serra, o maracatu, o baque solto, o baque virado, o caboclinho, boi de vaquejada, e tudo mais da mais pura cultura pernambucana.
TB - Como foi para o Mestre Salustiano receber títulos como o de Doutor Honoris Causa pela UFPE, em 1982, e a Comenda do Mérito Cultural Brasileiro do então Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, em novembro de 2001?
MS - Isso foi pra mim mais um conquista em minha vida. Porque eu realmente não esperava chegar tão fácil e cheguei. Fui um dos escolhidos. Eu fui agraciado, como outros artistas como João Câmara e Ariano que já recebeu em 98, com esse título. Eu não tive a oportunidade de cursar uma faculdade, e hoje, eu dou aula em universidades, aulas espetáculos, quando me chamam. E com certeza, é uma vitória muito importante, pois apesar não ter ensino superior, eu tenho a faculdade da vida. É o reconhecido saber. E eu falo do que aprendi fazer com muita segurança. Aí o povo me diz – Mestre, você pesquisou com quem? Aí, eu digo – Eu não pesquiso, eu sou pesquisado. Isso é muito importante, pois eu convivo com a cultura, nasci com ela e com ela eu vou me permanecer até quando eu me levar daqui. Aí, quem vem até mim, não sai com o saco vazio, sai de saco cheio. Porque é muita coisa que eu tenho na bagagem. Já o prêmio que recebi do Presidente Fernando Henrique foi muito gratificante receber a minha medalha, o meu diploma, que está até hoje pendurada na parede do meu escritório. E quem vê fica encantado de um homem tão simples como Salú, que tem os melhores presentes em cima do seu escritório que nem todo mundo tem.
TB - Como funcionam as oficinas ministradas por Mestre Salustiano de confecção de rabecas?
MS - Além de eu fazer rabecas, gosto de ensinar o povo a fazer, tanto gente da comunidade como meus filhos. Hoje, eu tenho um filho que faz rabeca, que é o saluzinho. Ele já faz rabeca melhor do que eu. Rabeca muito bem acabada, muito bem feita, muito bem aperfeiçoada. E as melhores rabecas é ele que está fazendo. E eu continuo ensinando. As oficinas estão abertas pra quem quiser aprender como produzir uma rabeca porque para eu fazer foi difícil. No início, eu quebrava uma para fazer outra porque quem sabia não queria ensinar a fazer por achar que com isso perderia espaço no mercado. Mas, tem que botar na cabeça, todo mundo, que o nosso planeta tem um espaçozinho meio complicado para cada um desempenhar o seu trabalho. Eu vejo, por exemplo, esse povo, principalmente do interior, com a cabeça fechada, que não teve um estudo para saber como desenvolver um trabalho. Mesmo na ignorância deles, eles tinham lá sua razão. Porque hoje vem gente do exterior sugar Mestre Salustiano, faz entrevista, faz livro, faz tudo, e nem uma revista de lembrança manda para o Mestre Salú. Isso acontece, como também pode acontecer com os outros. Agora, quando estou viajando, busco trazer pessoalmente esse material para guardar nos meus arquivos. Não fico mais preocupado com isso.
TB - Para finalizar, como o Mestre Salustiano analisa a política de incentivo a cultura popular em Pernambuco?
MS - Olha, ela está andando e eu acredito que ela ainda vá funcionar em sua plenitude. Porque não é uma coisa ligeira, não algo fácil. Inclusive para se lutar com um negócio pra lá de irritante chamado burocracia. E quem faz a cultura popular, é em sua maioria só gente semi-analfabeta. Seria essencial ter uma pessoa que saiba lidar com projeto de financiamento de cultura, para nós, os autores da matéria-prima. Mesmo assim, a agente já tem um produtor, uma pessoa, que entenda de burocracia, e a política de incentivo, já está aí, ela está funcionando. Já tem vários pontos de cultura no Estado funcionando como em Aliança, existe o Funcultura liberando verbas para alguns projetos, a gente não pode dizer o Governo não está fazendo nada. O dinheiro não chegou ainda na minha mão, mas está pra chegar. Hoje, eu não estou achando mais difícil manter a cultura popular viva em Pernambuco.

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