Nesses tempos atuais, onde a velho filme fotográfico está sendo substituída pela revolução digital, a presença de homens como o francês Henri Cartier-Bresson fazem cada vez mais falta. Ele foi e é até hoje considerado como um dos mais importantes fotógrafos do século XX, e, talvez o inventor do jornalismo fotográfico. A fotografia está se banalizando cada vez mais com a presença dos equipamentos digitais, onde não é preciso ter talento para tirar uma boa foto, pois a câmera já faz tudo sozinha. Desde pequeno, quando recebeu de seus pais, uma câmera Box Brownie. Foi a partir daí, com o primeiro equipamento, que Bresson ficou impressionado com essa área de fotografia, passando a se interessar em criar fotos com outras câmeras.
Seu real interesse pela fotografia veio após pegar uma doença tropical quando jovem na África. Nessa época, Bresson conheceu e foi influenciado em Marselha por uma fotografia do húngaro Martin Munkacsi. Passado essa experiência, Hitler, Mussolini e Hiroito declaram guerra, a Segunda Guerra Mundial se inicia e Bresson é convocado para servir o exército francês. Lá foi capturado, conseguiu fugir e quando a paz voltou, decide fundar em 1947 a agência fotográfica Magnum ao lado de grandes nomes como Robert Capa e George Rodger.
A Magnum - cujo nome foi tirado de uma garrafa de champagne - foi comandada inicialmente pelo húngaro Robert Capa, um renomado fotógrafo de guerra. O endereço do primeiro escritório da agência na Rua Faubourg Saint-Honoré, em Paris, marcou-se por instalações precárias, um telefone e o principal, que foram sucesso e repercussão imediata em todo o mundo. Por ter uma estrutura parecida com uma cooperativa, a agência de Bresson e Capa conseguiu criar um sistema eficaz, capaz de proteger os direitos autorais dos fotógrafos de seu quadro, garantindo o pagamento pelo uso das fotos em outros veículos de comunicação.
As ousadias no ato de fotografar de Robert Capa e de Bresson ajudaram a transformar a fotografia num produto onde a sensibilidade seria o túnel de onde sairiam à prova de suas genialidades. A coragem de Capa em cobrir guerras começou desde cedo. Durante os seus estudos na juventude, se envolve com marxistas, é fichado pela polícia e obrigado a se exilar em 1930. Vai para a Alemanha, onde consegue emprego na "Dephot", a maior agência de jornalismo de Berlim na época. Anos depois, é obrigado a sair do país, com a chegada do nazismo e vai para Paris.
Lá, Capa conhece Gerda Taro. Essa amizade dura pouco. No final da década de 30, na cobertura da Guerra Civil Espanhola, Gerda acaba encontrando a morte. Passado o choque dessa perda, Robert Capa ganha notoriedade ao cobrir o conflito sino-japonês na China, trabalhar na revista Life nos Estados Unidos e por fotografar países como a Espanha, a França, a Inglaterra e a Algéria. Entretanto, o auge de sua carreira e de sua coragem em não temer a morte, aconteceu em 1944, no desembarque dos Aliados na Normandia, na França. A escolha pelo uso de lentes normais nas coberturas das guerras Civil Espanhola, Chinesa e II Guerra Mundial tornou Robert Capa num dos artistas mais importantes da área de fotografia de todo o século XX. Por ironia do destino, Capa morreu na Guerra do Vietnã em 1954, ao pisar numa mina.
Ao afirmar enquanto vivo que "Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração", Bresson sempre ressaltava a importância do Momento Decisivo, onde a sensibilidade do fotógrafo deveria ali ser refletida na foto. Uma foto posada para Bresson era como se cometesse uma blasfêmia como fotógrafo. Ele possuía uma capacidade única para capturar o momento em que a importância de um tema se dá a conhecer através da forma, conteúdo e expressão.
Cartier-Bresson se interessava em usar a sua fotografia como um instrumento de comunicação entre o mundo e o homem, interligando-os com a foto, um meio de mostrar algo que para os olhos comuns tinha passado despercebido. Foi esse pensamento de criar um momento decisivo, que levou revistas como a Life e a Vogue a o contratarem para viajar o mundo e registrar imagens únicas.
Da América à Europa, da Índia à China, Bresson começou a transformar suas fotos num trabalho único e autoral, com características próprias de seu estilo e de seu talento para eternizar momentos vistos apenas pela união de sua mente, olhos, corpo e coração.
Foram justamente esses elementos que lhe permitiram registrar momentos históricos como a vida na União Soviética e os últimos dias de vida de Gandhi. Para Henry James, no livro “A arte da ficção”, publicado pela Editora Imaginário, em São Paulo no ano de 1995, “a experiência nunca é limitada e nunca é completa; ela é uma imensa sensibilidade, uma espécie de vasta teia de aranha, da mais fina seda, suspensa no quarto de nossa consciência, apanhando qualquer partícula do ar em seu tecido. É a própria atmosfera da mente; e quando a mente é imaginativa - muito mais quando acontece de ela ser a mente de um gênio - ela leva para si mesma os mais tênues vestígios de vida, ela converte as próprias pulsações do ar em revelações".
Para Bresson era preciso esquecer, no ato de fotografar, da presença da câmera, pois a pessoa estava viva e precisava olhar para o momento, o único meio de expressão do instante. Ele queria estar presente, participar, testemunhar, com a alegria da composição e evitar a anedota. O fotógrafo francês considerava o acaso como um presente que lhe é oferecido, e precisa tirar proveito dele, através de um olhar único, instantâneo, ressaltando numa simples foto todas as emoções a flor da pele sentida pelos sentidos do artista. Bresson via a foto como o limiar entre a vida e a morte, porque o momento desaparece, acaba, e não há mais espaço para arrependimentos. Na década de 50, vários livros com seus trabalhos foram lançados, sendo o mais importante deles "The Decisive Moment", de 1952.
Em 1960, uma megaexposição com quatrocentos trabalhos rodou os Estados Unidos em uma homenagem ao nome forte da fotografia. Bresson morreu em Céreste, França em 2004, aos 95 anos. Sem nenhuma reflexão além do próprio objeto retratado, a fotografia acaba por se esgotar em si mesma. Uma boa fotografia, como a de Bresson, instiga no espectador um sentimento de angústia, cheia de emoções distorcidas de dor, raiva, paixão, abrindo espaço para uma mistura de razão e coração na interpretação do momento retratado sob os olhos do artista. Com isso, o espectador começa pensar sobre si mesmo, sobre o ato de ser humano e de viver como tal. Para Bresson, o ato de fotografar não precisa registrar coisas grandiosas. Um simples tremor dos lábios e uma piscada de insegurança já bastam para tornar aquele momento, aquela foto eterna.
É por todos os fatos citados acima, que se pode ver o quanto Bresson, Capa e a Magnum foram e sempre serão mais válidos de se ver do que meras fotografias digitais tiradas por qualquer um. Apesar de ser óbvio, que o digital tornou o processo mais barato e mais ágil, o uso de câmeras tradicionais vai continuar ainda por muito tempo dando brilho e muita sensibilidade para os velhinhos e eternos filmes fotográficos.
Seu real interesse pela fotografia veio após pegar uma doença tropical quando jovem na África. Nessa época, Bresson conheceu e foi influenciado em Marselha por uma fotografia do húngaro Martin Munkacsi. Passado essa experiência, Hitler, Mussolini e Hiroito declaram guerra, a Segunda Guerra Mundial se inicia e Bresson é convocado para servir o exército francês. Lá foi capturado, conseguiu fugir e quando a paz voltou, decide fundar em 1947 a agência fotográfica Magnum ao lado de grandes nomes como Robert Capa e George Rodger.
A Magnum - cujo nome foi tirado de uma garrafa de champagne - foi comandada inicialmente pelo húngaro Robert Capa, um renomado fotógrafo de guerra. O endereço do primeiro escritório da agência na Rua Faubourg Saint-Honoré, em Paris, marcou-se por instalações precárias, um telefone e o principal, que foram sucesso e repercussão imediata em todo o mundo. Por ter uma estrutura parecida com uma cooperativa, a agência de Bresson e Capa conseguiu criar um sistema eficaz, capaz de proteger os direitos autorais dos fotógrafos de seu quadro, garantindo o pagamento pelo uso das fotos em outros veículos de comunicação.
As ousadias no ato de fotografar de Robert Capa e de Bresson ajudaram a transformar a fotografia num produto onde a sensibilidade seria o túnel de onde sairiam à prova de suas genialidades. A coragem de Capa em cobrir guerras começou desde cedo. Durante os seus estudos na juventude, se envolve com marxistas, é fichado pela polícia e obrigado a se exilar em 1930. Vai para a Alemanha, onde consegue emprego na "Dephot", a maior agência de jornalismo de Berlim na época. Anos depois, é obrigado a sair do país, com a chegada do nazismo e vai para Paris.
Lá, Capa conhece Gerda Taro. Essa amizade dura pouco. No final da década de 30, na cobertura da Guerra Civil Espanhola, Gerda acaba encontrando a morte. Passado o choque dessa perda, Robert Capa ganha notoriedade ao cobrir o conflito sino-japonês na China, trabalhar na revista Life nos Estados Unidos e por fotografar países como a Espanha, a França, a Inglaterra e a Algéria. Entretanto, o auge de sua carreira e de sua coragem em não temer a morte, aconteceu em 1944, no desembarque dos Aliados na Normandia, na França. A escolha pelo uso de lentes normais nas coberturas das guerras Civil Espanhola, Chinesa e II Guerra Mundial tornou Robert Capa num dos artistas mais importantes da área de fotografia de todo o século XX. Por ironia do destino, Capa morreu na Guerra do Vietnã em 1954, ao pisar numa mina.
Ao afirmar enquanto vivo que "Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração", Bresson sempre ressaltava a importância do Momento Decisivo, onde a sensibilidade do fotógrafo deveria ali ser refletida na foto. Uma foto posada para Bresson era como se cometesse uma blasfêmia como fotógrafo. Ele possuía uma capacidade única para capturar o momento em que a importância de um tema se dá a conhecer através da forma, conteúdo e expressão.
Cartier-Bresson se interessava em usar a sua fotografia como um instrumento de comunicação entre o mundo e o homem, interligando-os com a foto, um meio de mostrar algo que para os olhos comuns tinha passado despercebido. Foi esse pensamento de criar um momento decisivo, que levou revistas como a Life e a Vogue a o contratarem para viajar o mundo e registrar imagens únicas.
Da América à Europa, da Índia à China, Bresson começou a transformar suas fotos num trabalho único e autoral, com características próprias de seu estilo e de seu talento para eternizar momentos vistos apenas pela união de sua mente, olhos, corpo e coração.
Foram justamente esses elementos que lhe permitiram registrar momentos históricos como a vida na União Soviética e os últimos dias de vida de Gandhi. Para Henry James, no livro “A arte da ficção”, publicado pela Editora Imaginário, em São Paulo no ano de 1995, “a experiência nunca é limitada e nunca é completa; ela é uma imensa sensibilidade, uma espécie de vasta teia de aranha, da mais fina seda, suspensa no quarto de nossa consciência, apanhando qualquer partícula do ar em seu tecido. É a própria atmosfera da mente; e quando a mente é imaginativa - muito mais quando acontece de ela ser a mente de um gênio - ela leva para si mesma os mais tênues vestígios de vida, ela converte as próprias pulsações do ar em revelações".
Para Bresson era preciso esquecer, no ato de fotografar, da presença da câmera, pois a pessoa estava viva e precisava olhar para o momento, o único meio de expressão do instante. Ele queria estar presente, participar, testemunhar, com a alegria da composição e evitar a anedota. O fotógrafo francês considerava o acaso como um presente que lhe é oferecido, e precisa tirar proveito dele, através de um olhar único, instantâneo, ressaltando numa simples foto todas as emoções a flor da pele sentida pelos sentidos do artista. Bresson via a foto como o limiar entre a vida e a morte, porque o momento desaparece, acaba, e não há mais espaço para arrependimentos. Na década de 50, vários livros com seus trabalhos foram lançados, sendo o mais importante deles "The Decisive Moment", de 1952.
Em 1960, uma megaexposição com quatrocentos trabalhos rodou os Estados Unidos em uma homenagem ao nome forte da fotografia. Bresson morreu em Céreste, França em 2004, aos 95 anos. Sem nenhuma reflexão além do próprio objeto retratado, a fotografia acaba por se esgotar em si mesma. Uma boa fotografia, como a de Bresson, instiga no espectador um sentimento de angústia, cheia de emoções distorcidas de dor, raiva, paixão, abrindo espaço para uma mistura de razão e coração na interpretação do momento retratado sob os olhos do artista. Com isso, o espectador começa pensar sobre si mesmo, sobre o ato de ser humano e de viver como tal. Para Bresson, o ato de fotografar não precisa registrar coisas grandiosas. Um simples tremor dos lábios e uma piscada de insegurança já bastam para tornar aquele momento, aquela foto eterna.
É por todos os fatos citados acima, que se pode ver o quanto Bresson, Capa e a Magnum foram e sempre serão mais válidos de se ver do que meras fotografias digitais tiradas por qualquer um. Apesar de ser óbvio, que o digital tornou o processo mais barato e mais ágil, o uso de câmeras tradicionais vai continuar ainda por muito tempo dando brilho e muita sensibilidade para os velhinhos e eternos filmes fotográficos.
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