Texto por Tiago Bacelar (autor deste blog)
No episódio 1315 (A Culpa é de Lisa) do seriado “Os Simpsons”, exibido nos Estados Unidos em 31 de março de 2002 e em dezembro do mesmo ano no Brasil, Homer e sua família embarcam para o nosso país para encontrar o órfão Ronaldo, que está desaparecido. No início do capítulo, quando a filha dos Simpsons, Lisa, diz estar ajudando financeiramente um órfão brasileiro, Homer lhe pergunta qual o motivo de auxiliar esses meninos. A razão para essa indagação de Homer é que ele teria aprendido no filme “Os Meninos do Brasil”, que as crianças daqui são resultado de experiências genéticas do nazista Josef Mengele.
Ao saber da viagem, o filho de Homer, Bart decide aprender espanhol, mas sua mãe Marge o corrige, dizendo que lá no Brasil se fala português. Chegando ao Rio de Janeiro, os Simpsons se deparam com a Praia de Copacabana, o Pão de Açúcar e a Floresta Amazônica. No decorrer do episódio, Homer Simpson, o chefe da família, é seqüestrado por um motorista de táxi carioca. Além disso, os Simpsons descobrem que o dinheiro enviado foi usado para colocar uma porta no orfanato onde estava Ronaldo, para evitar a entrada de macacos. Em seguida, Bart é atacado por chimpanzés em pleno calçadão de Copacabana.
Num hotel carioca, Bart não tira o olho do programa infantil de uma apresentadora loira, que anima os baixinhos, fazendo strip-tease na televisão. O desenho mostra ainda uma Instituição de ensino, chamada “Escola de samba”, na qual são dadas aulas de lambada e macarena, onde um professor ensina uma nova dança, a "penetrada", que fará o "sexo parecer coisa de Igreja".
Em todos os lugares, os brasileiros mostram que são “bons de bola”, até mesmo para levar uma mala ao quarto de um hotel. Nas ruas, há ratos, lixo e jibóias por todas as partes, prontas a devorar qualquer “cidadão brasileiro”. Em uma seqüência, Bart é atacado por uma cobra gigante, numa referência ao filme “Anaconda”, gravado no Brasil. Na produção americana, os órfãos brasileiros andam acorrentados nos pés, e, as moradias do Rio de Janeiro lembram à estrutura das favelas.
No “carnaval carioca”, os foliões brincam em ruas estreitas ao som de um mambo. Com relação à música ainda, Bart e Homer colocam um chapéu de frutas na cabeça e começam a dançar ao estilo de Carmem Miranda. Os Simpsons ficam impressionados como os brasileiros gostam de “aparecer”, ao ponto de tocarem fogo em seus próprios corpos. No final do episódio, ao salvar Homer dos seqüestradores, em pleno Bondinho, os Simpsons decidem curtir mais o “carnaval”.
Antes de uma análise, é necessário lembrar que os Simpsons sempre buscam mostrar as culturais locais de outros países, puxando o lado subalterno do folclórico e o pastiche, assim como o desenho South Park faz com os canadenses a cada semana. Dessa forma, esse episódio, que aborda o Rio de Janeiro, poderia ser facilmente absorvido por seus “alvos” de sátira, no caso o Brasil, se ele não mexesse com valores intrínsecos e entrelaçados no conceito de cultura “brasileira”.
A visão do Rio de Janeiro como violento e pitoresco, onde os seqüestros, a exploração do trabalho infantil (representado pelas correntes em Ronaldo) e a banalização da sexualidade são comuns, atacam diretamente o moralismo, o desejo de nobreza e a preocupação com as aparências dos brasileiros. Muito dessa abordagem “negativa” por obras estrangeiras em relação ao Brasil se deve a própria supervalorização, feita pelos brasileiros, do popular, do antropológico e de uma geração mais preocupada com o outro do que com ela mesma, através de uma postura subalterna.
A colocação nesse episódio da Floresta Amazônica ao lado do Pão de Açúcar tenta mostrar o Brasil como uma selva, formada por macacos de circo, que se adaptam facilmente a outro galho, não seguem normas “culturais”, e, são personalistas, violentos, aventureiros e protetores da própria família. Tudo isso remete ao conceito de Barbarismo, combatido pelos franceses, no século XVIII, com a criação do conceito de civilização, onde os seus habitantes são urbanos, alfabetizados e educados para dar conta de todas as “entidades culturais”.
No geral, o capítulo do Simpsons é positivo, pois quebra com a cultura brasileira “etnocêntrica”, de pertencimento a uma identidade “forte” e “perfeita” sem brechas para questionamentos. O estúdio de animação tentou “legitimar” o que seria para ele os valores, os ideais, e, as qualidades intelectuais, artísticas e morais da sociedade do Brasil, baseado em seus critérios de interesse financeiro.
Ao saber da viagem, o filho de Homer, Bart decide aprender espanhol, mas sua mãe Marge o corrige, dizendo que lá no Brasil se fala português. Chegando ao Rio de Janeiro, os Simpsons se deparam com a Praia de Copacabana, o Pão de Açúcar e a Floresta Amazônica. No decorrer do episódio, Homer Simpson, o chefe da família, é seqüestrado por um motorista de táxi carioca. Além disso, os Simpsons descobrem que o dinheiro enviado foi usado para colocar uma porta no orfanato onde estava Ronaldo, para evitar a entrada de macacos. Em seguida, Bart é atacado por chimpanzés em pleno calçadão de Copacabana.
Num hotel carioca, Bart não tira o olho do programa infantil de uma apresentadora loira, que anima os baixinhos, fazendo strip-tease na televisão. O desenho mostra ainda uma Instituição de ensino, chamada “Escola de samba”, na qual são dadas aulas de lambada e macarena, onde um professor ensina uma nova dança, a "penetrada", que fará o "sexo parecer coisa de Igreja".
Em todos os lugares, os brasileiros mostram que são “bons de bola”, até mesmo para levar uma mala ao quarto de um hotel. Nas ruas, há ratos, lixo e jibóias por todas as partes, prontas a devorar qualquer “cidadão brasileiro”. Em uma seqüência, Bart é atacado por uma cobra gigante, numa referência ao filme “Anaconda”, gravado no Brasil. Na produção americana, os órfãos brasileiros andam acorrentados nos pés, e, as moradias do Rio de Janeiro lembram à estrutura das favelas.
No “carnaval carioca”, os foliões brincam em ruas estreitas ao som de um mambo. Com relação à música ainda, Bart e Homer colocam um chapéu de frutas na cabeça e começam a dançar ao estilo de Carmem Miranda. Os Simpsons ficam impressionados como os brasileiros gostam de “aparecer”, ao ponto de tocarem fogo em seus próprios corpos. No final do episódio, ao salvar Homer dos seqüestradores, em pleno Bondinho, os Simpsons decidem curtir mais o “carnaval”.
Antes de uma análise, é necessário lembrar que os Simpsons sempre buscam mostrar as culturais locais de outros países, puxando o lado subalterno do folclórico e o pastiche, assim como o desenho South Park faz com os canadenses a cada semana. Dessa forma, esse episódio, que aborda o Rio de Janeiro, poderia ser facilmente absorvido por seus “alvos” de sátira, no caso o Brasil, se ele não mexesse com valores intrínsecos e entrelaçados no conceito de cultura “brasileira”.
A visão do Rio de Janeiro como violento e pitoresco, onde os seqüestros, a exploração do trabalho infantil (representado pelas correntes em Ronaldo) e a banalização da sexualidade são comuns, atacam diretamente o moralismo, o desejo de nobreza e a preocupação com as aparências dos brasileiros. Muito dessa abordagem “negativa” por obras estrangeiras em relação ao Brasil se deve a própria supervalorização, feita pelos brasileiros, do popular, do antropológico e de uma geração mais preocupada com o outro do que com ela mesma, através de uma postura subalterna.
A colocação nesse episódio da Floresta Amazônica ao lado do Pão de Açúcar tenta mostrar o Brasil como uma selva, formada por macacos de circo, que se adaptam facilmente a outro galho, não seguem normas “culturais”, e, são personalistas, violentos, aventureiros e protetores da própria família. Tudo isso remete ao conceito de Barbarismo, combatido pelos franceses, no século XVIII, com a criação do conceito de civilização, onde os seus habitantes são urbanos, alfabetizados e educados para dar conta de todas as “entidades culturais”.
No geral, o capítulo do Simpsons é positivo, pois quebra com a cultura brasileira “etnocêntrica”, de pertencimento a uma identidade “forte” e “perfeita” sem brechas para questionamentos. O estúdio de animação tentou “legitimar” o que seria para ele os valores, os ideais, e, as qualidades intelectuais, artísticas e morais da sociedade do Brasil, baseado em seus critérios de interesse financeiro.
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