Texto por Tiago Bacelar (autor deste blog)
O termo J-pop, que é uma abreviação para o pop japonês, nasceu por uma rádio FM do Japão chamada J-Wave, para designar um novo estilo musical que estava surgindo chamado de “New Music”. O J-pop engloba diversos gêneros como o próprio pop, o rock, o dance, o rap e o soul. Diferentemente do pop norte-americano, o J-pop, principalmente o atual, é muito ligado a indústria cultural dos desenhos animados japoneses, os animes.
Juntos arrecadam anualmente mais de 100 bilhões de dólares. Além das bandas, cantores e cantores solos, alguns deles são também seiyuu, dubladores de animes, fazendo que a divulgação dos CDs, singles e vídeo-clipes seja destinada a formação de mitos e idólos, cujo processo é facilitado pela próprio predomínio da imagem desde os tempos antigos na cultura japonesa.
Se Adorno estivesse vivo hoje, com certeza criticaria esse processo que considerava “destrutivo” e “alienatório” por sua reprodutibilidade e perda da “aura” original pela influência de outros meios nesse mercado musical. O J-pop foi formado com a influência de diversos estilos musicais norte-americanos. O primeiro deles foi o jazz, que reintroduziu, durante a Era Showa, no Japão, muitos instrumentos, que antes eram utilizados somente para a performance de marchas militares e músicas eruditas em bares e clubes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, desembarcaram na terra do Imperador Hiroito, o Mambo, o Blues e o Country. Músicos como Shizuko Kasagi, Eri Chiemi, Misora Hibari e Izumi Yukimura fizeram sucesso em meio a shows dedicados a tropas militares dos Estados Unidos. A influência desses gênero no mercado fonográfico nipônico pode ser exemplificada pela vinda da banda JATP e Louis Armstrong no começo da década de 50 ao destroçado Japão. Nessa disputa prevaleceu o country. Sem possuírem um estudo maior sobre determinados instrumentos musicais, os japoneses percebem que não seriam capazes de produzir algo inspirado no jazz e embarcam no country por considerá-lo mais “fácil” de aprender, compor e tocar.
Dessa forma, o J-pop da década de 50 no Japão viu uma verdadeira enchurrada de músicas “inspiradas” no country. No final da década de 50 e em toda a década de 60, a reprodução de estilos americanos, tão criticada por Adorno, foi usada por músicos japoneses sem dó e piedade, apenas para aproveitar o filão do sucesso de determinadas músicas do ocidente no Japão. Dessa forma, nasceu como parte do J-pop, o “cover pop”, onde artistas nipônicos traduziam para o japonês músicas norte-americanas e as executavam em grandes cadeias de rádio e televisão. O fenômeno desse estilo acabou gerando a febre dos karaokês por todo o país. A banda de country “Kosaka Kazuya e os Wagon Masters”, por exemplo, se rendeu ao rock and roll de Elvis Presley.
Em meio a todas essas cópias, o J-pop começou a ganhar sua forma que a tornaria diferente em certos aspectos do pop do ocidente. Isso ocorreu graças a iniciativas de alguns artistas como Sakamoto Kyu, que resolveu fazer uma mistura da música tradicional japonesa com o pop americano. Sua música “Ue wo Muite Aruko (Vamos nos Reerger e Caminhar em Frente)”, a qual ficaria mundialmente conhecida como Sukiyaki, retrata bem o início da New Music no J-pop. Dando preferência a canções de amor e eventos peculiares, ao invés das composições com temáticas sociais, e com o acompanhamento de uma guitarra e uma série de complexos arranjos musicais, a New Music teve seu auge no Japão na década de 70 até o início dos anos 80, tendo como destaques os artistas Takuro Yoshida e Yosui Inoue
Na década de 80, apareceram dentro do J-pop os termos City Pop, para designar canções inspiradas em cidades como Tokyo, e Wasei Pop, que literalmente quer dizer pop produzido no Japão. Nesse período emergiu a dupla Chage & Aska, uma febre do J-rock de 20 anos atrás que dura até hoje, graças em grande parte a ajuda dos estúdios de animação, que volta e meia escolhem composições deles para ingressar as trilhas sonoras dos animes. Um exemplo desse fenômeno produzido pela indústria cultural pode ser visto na turnê “Asian Tour II / Missão Impossível”. Todos os ingressos dos 61 shows a serem realizados no Japão, Hong Kong, Singapura e Taiwan esgotaram no primeiro dia de vendas.
Por sua vez a década de 90, viu a popularização do “J-pop-dance Music”, cujos pioneiros foram o cantor Tetsuya Komuro e a cantora Namie Amuro. Ainda nos anos 90, o J-pop fez surgir uma banda chamada R&B, cuja vocalista era a iniciante Utada Hikaru. Seu primeiro albúm “First Love” vendeu sete milhões e 500 mil cópias, tornando-se no disco mais vendido da história do Japão. O sucesso dela resultou na febre de outros como as cantoras Ayumi Hamasaki e Maaya Sakamoto e as bandas Jam Project, X-Japan e V6. As influências do R&B e do Hip Hop fizeram com que o J-pop vira-se uma parte integrante da cultura nipônica.
Juntos arrecadam anualmente mais de 100 bilhões de dólares. Além das bandas, cantores e cantores solos, alguns deles são também seiyuu, dubladores de animes, fazendo que a divulgação dos CDs, singles e vídeo-clipes seja destinada a formação de mitos e idólos, cujo processo é facilitado pela próprio predomínio da imagem desde os tempos antigos na cultura japonesa.
Se Adorno estivesse vivo hoje, com certeza criticaria esse processo que considerava “destrutivo” e “alienatório” por sua reprodutibilidade e perda da “aura” original pela influência de outros meios nesse mercado musical. O J-pop foi formado com a influência de diversos estilos musicais norte-americanos. O primeiro deles foi o jazz, que reintroduziu, durante a Era Showa, no Japão, muitos instrumentos, que antes eram utilizados somente para a performance de marchas militares e músicas eruditas em bares e clubes.
Durante a Segunda Guerra Mundial, desembarcaram na terra do Imperador Hiroito, o Mambo, o Blues e o Country. Músicos como Shizuko Kasagi, Eri Chiemi, Misora Hibari e Izumi Yukimura fizeram sucesso em meio a shows dedicados a tropas militares dos Estados Unidos. A influência desses gênero no mercado fonográfico nipônico pode ser exemplificada pela vinda da banda JATP e Louis Armstrong no começo da década de 50 ao destroçado Japão. Nessa disputa prevaleceu o country. Sem possuírem um estudo maior sobre determinados instrumentos musicais, os japoneses percebem que não seriam capazes de produzir algo inspirado no jazz e embarcam no country por considerá-lo mais “fácil” de aprender, compor e tocar.
Dessa forma, o J-pop da década de 50 no Japão viu uma verdadeira enchurrada de músicas “inspiradas” no country. No final da década de 50 e em toda a década de 60, a reprodução de estilos americanos, tão criticada por Adorno, foi usada por músicos japoneses sem dó e piedade, apenas para aproveitar o filão do sucesso de determinadas músicas do ocidente no Japão. Dessa forma, nasceu como parte do J-pop, o “cover pop”, onde artistas nipônicos traduziam para o japonês músicas norte-americanas e as executavam em grandes cadeias de rádio e televisão. O fenômeno desse estilo acabou gerando a febre dos karaokês por todo o país. A banda de country “Kosaka Kazuya e os Wagon Masters”, por exemplo, se rendeu ao rock and roll de Elvis Presley.
Em meio a todas essas cópias, o J-pop começou a ganhar sua forma que a tornaria diferente em certos aspectos do pop do ocidente. Isso ocorreu graças a iniciativas de alguns artistas como Sakamoto Kyu, que resolveu fazer uma mistura da música tradicional japonesa com o pop americano. Sua música “Ue wo Muite Aruko (Vamos nos Reerger e Caminhar em Frente)”, a qual ficaria mundialmente conhecida como Sukiyaki, retrata bem o início da New Music no J-pop. Dando preferência a canções de amor e eventos peculiares, ao invés das composições com temáticas sociais, e com o acompanhamento de uma guitarra e uma série de complexos arranjos musicais, a New Music teve seu auge no Japão na década de 70 até o início dos anos 80, tendo como destaques os artistas Takuro Yoshida e Yosui Inoue
Na década de 80, apareceram dentro do J-pop os termos City Pop, para designar canções inspiradas em cidades como Tokyo, e Wasei Pop, que literalmente quer dizer pop produzido no Japão. Nesse período emergiu a dupla Chage & Aska, uma febre do J-rock de 20 anos atrás que dura até hoje, graças em grande parte a ajuda dos estúdios de animação, que volta e meia escolhem composições deles para ingressar as trilhas sonoras dos animes. Um exemplo desse fenômeno produzido pela indústria cultural pode ser visto na turnê “Asian Tour II / Missão Impossível”. Todos os ingressos dos 61 shows a serem realizados no Japão, Hong Kong, Singapura e Taiwan esgotaram no primeiro dia de vendas.
Por sua vez a década de 90, viu a popularização do “J-pop-dance Music”, cujos pioneiros foram o cantor Tetsuya Komuro e a cantora Namie Amuro. Ainda nos anos 90, o J-pop fez surgir uma banda chamada R&B, cuja vocalista era a iniciante Utada Hikaru. Seu primeiro albúm “First Love” vendeu sete milhões e 500 mil cópias, tornando-se no disco mais vendido da história do Japão. O sucesso dela resultou na febre de outros como as cantoras Ayumi Hamasaki e Maaya Sakamoto e as bandas Jam Project, X-Japan e V6. As influências do R&B e do Hip Hop fizeram com que o J-pop vira-se uma parte integrante da cultura nipônica.
Hoje, o J-pop está em animes, lojas, comerciais, filmes, programas de rádio e de televisão, nos vídeo games e até mesmo nos créditos de encerramento dos telejornais japoneses. O ocidental, que ouve hoje todos os gêneros presentes dentro do J-pop, normalmente estranha os seus ritmos extremamente rápidos. Ao contrário do que Adorno dizia, a indústria cultural nipônica conseguiu usar a reprodutividade em seu benefício, perdendo sua essência momentaneamente e recuperando sua aura, que hoje é copiada a todo direito, principalmente por artistas sul-coreanos e chineses. Apesar dessa recusa momentânea, graças a popularização da estética visual dos animes no ocidente, o J-pop já está ganhando muitos adeptos. No Brasil, em julho de 2005, 42 mil pessoas foram a 2ª edição da convenção Anime Friends, em São Paulo, para assistirem ao show da banda Jam Project. A tendência desse mercado é crescer cada vez mais.
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