Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u449579.shtml
O renomado ator de Hollywood, Paul Newman, estava afastado do cinema desde 2007, quando disse "não ter mais condições" de atuar como gostaria. Quase um ano depois, em julho deste ano, ele anunciou ao público que sofria de câncer de pulmão e pediu a família e aos amigos para morrer em casa.
A notícia de que Newman sofria de câncer no pulmão foi divulgada oficialmente em 31 de julho deste ano, pelo Centro de Tratamento de Câncer Sloan-Kettering, em Nova York. Embora os médicos indicassem que o renomado ator estava fazendo quimioterapia, os jornais já falavam que ele teria poucas semanas de vida.
Em agosto, Newman saiu do hospital dizendo: "vou morrer em casa". Assim, ele morreu ao ao lado de sua esposa Joanne Woodward, também atriz, e de suas cinco filhas em sua casa em Connecticut.
As filhas de Newman divulgaram comunicado à imprensa pedindo respeito à privacidade da família e descrevendo o ator como marido devotado, pai amoroso e um dedicado filantropo.
"Nosso pai foi um símbolo raro de humildade, o último a reconhecer que ele estava fazendo algo especial. Ele foi bem sucedido além da medida em impactar tantas vidas com sua generosidade", diz o comunicado. "Sempre e até o fim, papai foi incrivelmente grato por sua boa sorte. Em suas próprias palavras: "Foi um privilégio estar aqui"", continua o texto.
Newman começou sua carreira artística em peças de teatro da Broadway, mas foi nos cinemas que ganhou fama e reconhecimento do público e da crítica. Ele apareceu em cerca de 60 filmes ao longo de 50 anos.
Em maio de 2007, o ator anunciou que queria deixar o cinema para dedicar-se somente a iniciativas humanitárias, como a Newman's Own, uma companhia alimentícia cujos lucros --mais de US$ 100 milhões anuais-- eram destinados a instituições de caridade. A instituição foi criada por Newman depois da morte de seu único filho homem, Scott, em 1978, por overdose.
"Eu não sou capaz de trabalhar mais, não no nível em que eu quero", disse à rede americana ABC. "Você começa a perder sua memória, você começa a perder sua confiança, você começa a perder sua invenção. Então eu acho que o livro fechou para mim", completou o ator, que participou de mais de 60 filmes em cerca de 50 anos de carreira.
Humanitário
"Paul aproveitou o que a vida ofereceu a ele e, embora ele ficou relutante em assumir que estava fazendo alguma coisa especial, ele mudou para sempre a vida de muitos com sua generosidade, humor e humanidade", disse Robert Forrester, vice-diretor da Newman's Own.
"Seu legado vive em caridades que ele apoiou e nos Hole in the Wall Camps que ele cuidava com tanto carinho", continuou, se referindo aos acampamentos para crianças doentes e que fugiam de conflitos. "Ele via os acampamentos como lugares onde as crianças podiam escapar do medo, dor e isolamento", completou Forrester, citado pela CNN.
Atualmente existem 11 acampamentos em diversos países, além de programas adicionais na África e no Vietnã. Cerca de 135 mil crianças já frequentaram os acampamentos.
A Associação dos Hole in the Wall Camps "é parte de seu legado que vive e nós estaremos sempre muito gratos", disse a fundação, em comunicado divulgado à imprensa. "Sua liderança e espírito não poderão ser repostos nunca. Mas ele nos deixou fortes e confiantes", continua o texto.
Vida
O ator americano Paul Newman, lenda indiscutível do cinema americano, morreu nesta sexta-feira (26) após uma longa batalha contra câncer de pulmão. Dono de marcantes olhos azuis, possivelmente os mais famosos de Hollywood, ele teve uma brilhante carreira nos cinemas.
Nascido em 26 de janeiro de 1925, em Shaker Heights, Ohio, Estados Unidos, Newman serviu na 2ª Guerra Mundial (1938 a 1945) como operador de rádio da Marinha.
De volta ao país, ele tentou a carreira artística no famoso Actor's Studio de Nova York, berço de várias estrelas de Hollywood. Sua beleza clássica e marcantes olhos azuis foi logo notada e ele ganhou papéis em teatros da Broadway e em séries de televisão.
Sua carreira no cinema começou com "O Cálice Sagrado", em 1954, um filme tão mal visto pela crítica que levou Newman a publicar um anúncio pedindo desculpas pela sua atuação.
Foi no papel do boxeador Rocky Graziano --originalmente destinado a outra estrela da época, James Dean--, no filme "Marcado pela Sarjeta" (1956), dirigido por Robert Wise, que ele chamou a atenção da crítica e dos produtores da industria cinematográfica.
Ele fazia piada com sua própria imagem de galã. No começo de sua carreira, ele era freqüentemente confundido com o ator Marlon Brando e assinava autógrafos dizendo: "Melhores sentimentos, Marlon Brando".
O título de grande estrela de Hollywood foi confirmado dois anos mais tarde, com 'Gata em Teto de Zinco Quente', uma adaptação suavizada de um texto de Tennessee Williams. Na obra, Newman formou uma dupla incomparável e belíssima com outra grande estrela de Hollywwod, Elizabeth Taylor.
"Ele viveu uma longa e incrível vida. ELe era muito apreciado. Fez teatro, se graduou em Yale. Teve um longo casamento com Joanne Woodward. Uma destas raridades do showbizz", disse Larry King, que entrevistou Newman diversas vezes.
Nos anos seguintes, Newman correspondeu a confiança dos produtores como uma série de êxitos no cinema como "Exodus" (1960), "O Indomado" (1963), "Caçador de Aventuras" (1966), e "Butch Cassidy" (1969), no qual atuou ao lado de seu amigo Robert Redford. A dupla bem sucedida voltou às telas em 1973, com "Golpe de Mestre", dirigidos novamente por George Roy Hill.
Casamento
Newman também trabalhou do lado de trás das câmeras, dirigindo "Que Delícia de Guerra", em 1968 --obra que lhe rendeu duas indicações aos Oscar, de melhor filme e melhor atriz para sua mulher, Joanne Woodward.
Newman e Woodward se conheceram nas gravações de 'A Delícia de um Dilema', em 1958. Eles se casaram em Las Vegas, em 29 de janeiro do mesmo ano, um dia depois de Newman se divorciar de Jackie Witte, sua primeira mulher.
O casal teve três filhas em um dos casamentos mais duradouros da indústria cinematográfica. "Para que fazer besteira com hambúrgueres se tenho um filé de primeira em casa?", disse Newman, sobre a relação. Os dois atores moravam em Connecticut desde que decidiram abandonar Hollywood, em 1960.
Em dezenas de aparições no cinema, Newman alternou grandes fracassos, como "Inferno na Torre" (1974) e grandes êxitos como "Vale Tudo" (1977).
Eterno aspirante ao Oscar, ganhou um prêmio da Academia pelo conjunto da obra, em 1986 e no ano seguinte conseguiu a estatueta de melhor ator por seu papel em "A Cor do Dinheiro", aos 61 anos.
Os dois prêmios vieram após sete indicações ao maior prêmio do cinema americano, por. "Gata em Teto de Zinco Quente" (1958), "Paris Vive à Noite" (1961), "Amor Daquela Espécie" (1963), "Rebeldia Indomável" (1967), "Que Delícia de Guerra" (1968), "Ausência de Malícia" (1981) e "O Veredito" (1982).
"É como perseguir uma mulher preciosa durante 80 anos", disse o ator, ao receber o prêmio.
Newman também foi indicado em 1994, por "O Indomável -Assim É Minha Vida" (1994) e "Estrada para a Perdição", em 2002, sua última produção cinematográfica que marcou uma saída de Hollywood em grande estilo, ao lado de uma interpretação brilhante de Tom Hanks.
Em 2005, Newman ganhou um Emmy e um Globo de Ouro por sua aparição na minissérie televisiva, "Empire Falls".