domingo, 18 de janeiro de 2009

Diretor italiano Ettore Scola anuncia aposentadoria



Fonte: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2009/01/13/ult5754u306.jhtm

ROMA - O cineasta Ettore Scola, último dos grandes diretores de comédia italianos, anunciou sua aposentadoria do cinema, alegando que deseja "estar submerso o tempo todo na realidade".
Há cinco anos, Scola deixou de dirigir filmes para o cinema e passou a colaborar em documentários coletivos com claro posicionamento político, como "Um outro mundo é possível", sobre o G8 em Gênova, e "Cartas da Palestina", sobre o conflito nos territórios ocupados. 
"Depois de ter participado nesses documentários, me dei conta de que na situação atual fazer um filme comum, com começo, meio e fim, não tem sentido", explicou Scola ao jornal La Repubblica, ressaltando ainda que não acredita que cinema "sirva para muito na Palestina". 
"Prefiro gozar da minha velhice", afirmou o diretor, recomendando aos leitores do jornal que cheguem a essa fase da vida, pois "é um momento belíssimo". 
Entre os motivos para se afastar das filmagens, o cineasta também declarou que o cinema é uma atividade "totalizante, separa você da realidade durante o tempo que dura a filmagem, e eu quero estar submerso o tempo todo na realidade". 
Scola, de 77 anos, estreou no cinema oficialmente como roteirista em 1952, mas desde o final da 2º Guerra Mundial já colaborava - sem assinar - em diálogos para o cinema e o teatro de revista. 
Seu primeiro filme como diretor foi "Fala-se de mulheres", de 1963, mas antes Scola já havia se destacado como roteirista em uma parceria fixa com Ruggero Maccari. 
O anúncio da aposentadoria chega às vésperas de uma retrospectiva organizada na cidade de Bari, no sul do país, que vai exibir cerca de vinte filmes do cineasta. 
O próprio diretor disse detestar as retrospectivas de sua obra, "porque me dou conta dos erros que cometi, os detalhes supérfluos, as repetições". 
"Eu acredito que hoje é mais difícil ter bons filmes do que na minha época, porque os jovens não têm a bagagem cultural ou a motivação política que nós tínhamos", admitiu. "Não lamento a queda das ideologias, mas o pior é que não existe nada que as tenha substituído".

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