Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Cinema/0,,MUL605452-7086,00.html
cinema brasileiro virou a vedete do país no exterior. Arranca elogios e prêmios nos festivais europeus, exporta diretores para grandes estúdios internacionais e promete uma das melhores safras de produção para este ano. Encontrar o público, no entanto, segue sendo um de seus maiores desafios.
Em maio, a boa exposição do cinema nacional teve seu auge, no Festival de Cinema de Cannes, quando dois brasileiros participaram da competição oficial. "Ensaio sobre a cegueira", de Fernando Meirelles, abriu o evento, e "Linha de passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, ganhou prêmio de melhor atriz.
Apesar de vistos como filmes brasileiros, ambos são co-produções com outros países, como Canadá e Japão, um movimento alternativo aos incentivos fiscais do Brasil.
No último Festival de Berlim, um dos principais ao lado de Cannes e Veneza, o Brasil saiu vencedor do Urso de Ouro com "Tropa de elite", de José Padilha. Salles, Meirelles e Padilha, aliás, têm projetos com grandes estúdios norte-americanos.
O interesse estrangeiro pelo cinema brasileiro e latino-americano foi percebido por quem viajou até Cannes.
"Nas inúmeras entrevistas com jornalistas internacionais pude perceber que este ano o cinema latino-americano foi considerado o foco do festival. Isso é algo que não acontece há pelo menos 20 anos", disse Daniela Thomas.
Tudo parece brilhar no setor, que promete ainda uma das melhores safras de filmes nacionais para 2008, segundo distribuidores e especialistas.
Além dos filmes de Thomas e Meirelles, previstos para estrear no segundo semestre, há também os novos trabalhos de Bruno Barreto, "Última parada 174", sobre um sobrevivente de uma chacina no Rio de Janeiro, e de Walter Lima Jr., "Os desafinados", com o astro Rodrigo Santoro no elenco.
Cadê o público?
Tal otimismo, no entanto, acaba ofuscado quando o assunto é bilheteria. Afinal, com tantos filmes sendo produzidos no Brasil, era de se esperar um público em ritmo de crescimento.
Enquanto a produção saltou de três filmes em 1992 para 29 em 2003 e cerca de 80 em 2007, o público de tais filmes encolheu de 22 milhões de espectadores em 2003 para 10,3 milhões no ano passado, patamar que mantém desde 2005. Para comparação, os filmes estrangeiros no Brasil tiveram 80 milhões de espectadores em 2007.
O diretor veterano Carlos Reichenbach diz que a dificuldade está em conseguir espaço nas salas de cinema devido à concorrência com estrangeiros e o preço dos ingressos.
"Nunca, em 40 e poucos anos de cinema, tivemos uma condição tão precária de exibição", disse Reichenbach, que lançou este ano "Falsa loura". O filme de baixo-orçamento custou R$ 3 milhões, captados por meio de leis de incentivo, mas estreou em apenas nove salas de cinema.
Para um dos diretores da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Sérgio Sá Leilão, o cinema brasileiro vive "uma encruzilhada", com uma crise de superprodução.
"Nós temos uma ênfase na criação desvinculada do mercado, gerando grande número de produtos pouco competitivos", disse Sérgio.
O aumento na produção vem do investimento público dos últimos 15 anos. Segundo a Ancine, está prevista para a produção nacional este ano R$ 210 milhões por meio do sistema de incentivo. Ano passado, foram R$ 137 milhões.
"É muito dinheiro, tem que ver onde está o erro", acredita Jorge Peregrino, vice-presidente da Paramount na América Latina e presidente do Sindicato de Distribuidores do Rio de Janeiro.
"Se o dinheiro vai aumentando, aumentando e a participação vai caindo, tem alguma coisa errada."
País grande, mercado pequeno
De fato, a Ancine trabalha para fazer o cinema andar com as próprias pernas. O órgão lançará um novo fundo que irá funcionar através de créditos e investimentos, e não com dinheiro a fundo perdido, característica das leis atuais.
O mercado brasileiro está entre os três maiores da América Latina, ao lado de México e Argentina, mas ainda é considerado pequeno para o tamanho de sua população. São 2.200 salas de cinema no total, ou uma sala para cada 90 mil habitantes.
Apesar das críticas, Peregrino acha que o cinema nacional vai ajudar a melhorar a bilheteria geral, que caiu de 91,2 milhões de espectadores em 2006 para 88,5 milhões em 2007.
Segundo ele, há três ou quatro filmes nacionais este ano com potencial para 1 ou 2 milhões de espectadores. "Essa diferença é importante porque quando o cinema brasileiro se comporta bem, o mercado como um todo sobe, é uma coisa histórica."
Em 2007, apenas dois filmes brasileiros romperam a barreira dos 2 milhões de espectadores, "A grande família - O filme" e "Tropa de elite". Os demais não atingiram nem 1 milhão.
Em maio, a boa exposição do cinema nacional teve seu auge, no Festival de Cinema de Cannes, quando dois brasileiros participaram da competição oficial. "Ensaio sobre a cegueira", de Fernando Meirelles, abriu o evento, e "Linha de passe", de Walter Salles e Daniela Thomas, ganhou prêmio de melhor atriz.
Apesar de vistos como filmes brasileiros, ambos são co-produções com outros países, como Canadá e Japão, um movimento alternativo aos incentivos fiscais do Brasil.
No último Festival de Berlim, um dos principais ao lado de Cannes e Veneza, o Brasil saiu vencedor do Urso de Ouro com "Tropa de elite", de José Padilha. Salles, Meirelles e Padilha, aliás, têm projetos com grandes estúdios norte-americanos.
O interesse estrangeiro pelo cinema brasileiro e latino-americano foi percebido por quem viajou até Cannes.
"Nas inúmeras entrevistas com jornalistas internacionais pude perceber que este ano o cinema latino-americano foi considerado o foco do festival. Isso é algo que não acontece há pelo menos 20 anos", disse Daniela Thomas.
Tudo parece brilhar no setor, que promete ainda uma das melhores safras de filmes nacionais para 2008, segundo distribuidores e especialistas.
Além dos filmes de Thomas e Meirelles, previstos para estrear no segundo semestre, há também os novos trabalhos de Bruno Barreto, "Última parada 174", sobre um sobrevivente de uma chacina no Rio de Janeiro, e de Walter Lima Jr., "Os desafinados", com o astro Rodrigo Santoro no elenco.
Cadê o público?
Tal otimismo, no entanto, acaba ofuscado quando o assunto é bilheteria. Afinal, com tantos filmes sendo produzidos no Brasil, era de se esperar um público em ritmo de crescimento.
Enquanto a produção saltou de três filmes em 1992 para 29 em 2003 e cerca de 80 em 2007, o público de tais filmes encolheu de 22 milhões de espectadores em 2003 para 10,3 milhões no ano passado, patamar que mantém desde 2005. Para comparação, os filmes estrangeiros no Brasil tiveram 80 milhões de espectadores em 2007.
O diretor veterano Carlos Reichenbach diz que a dificuldade está em conseguir espaço nas salas de cinema devido à concorrência com estrangeiros e o preço dos ingressos.
"Nunca, em 40 e poucos anos de cinema, tivemos uma condição tão precária de exibição", disse Reichenbach, que lançou este ano "Falsa loura". O filme de baixo-orçamento custou R$ 3 milhões, captados por meio de leis de incentivo, mas estreou em apenas nove salas de cinema.
Para um dos diretores da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Sérgio Sá Leilão, o cinema brasileiro vive "uma encruzilhada", com uma crise de superprodução.
"Nós temos uma ênfase na criação desvinculada do mercado, gerando grande número de produtos pouco competitivos", disse Sérgio.
O aumento na produção vem do investimento público dos últimos 15 anos. Segundo a Ancine, está prevista para a produção nacional este ano R$ 210 milhões por meio do sistema de incentivo. Ano passado, foram R$ 137 milhões.
"É muito dinheiro, tem que ver onde está o erro", acredita Jorge Peregrino, vice-presidente da Paramount na América Latina e presidente do Sindicato de Distribuidores do Rio de Janeiro.
"Se o dinheiro vai aumentando, aumentando e a participação vai caindo, tem alguma coisa errada."
País grande, mercado pequeno
De fato, a Ancine trabalha para fazer o cinema andar com as próprias pernas. O órgão lançará um novo fundo que irá funcionar através de créditos e investimentos, e não com dinheiro a fundo perdido, característica das leis atuais.
O mercado brasileiro está entre os três maiores da América Latina, ao lado de México e Argentina, mas ainda é considerado pequeno para o tamanho de sua população. São 2.200 salas de cinema no total, ou uma sala para cada 90 mil habitantes.
Apesar das críticas, Peregrino acha que o cinema nacional vai ajudar a melhorar a bilheteria geral, que caiu de 91,2 milhões de espectadores em 2006 para 88,5 milhões em 2007.
Segundo ele, há três ou quatro filmes nacionais este ano com potencial para 1 ou 2 milhões de espectadores. "Essa diferença é importante porque quando o cinema brasileiro se comporta bem, o mercado como um todo sobe, é uma coisa histórica."
Em 2007, apenas dois filmes brasileiros romperam a barreira dos 2 milhões de espectadores, "A grande família - O filme" e "Tropa de elite". Os demais não atingiram nem 1 milhão.
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