sábado, 7 de junho de 2008

Animazement 2008 reuniu mais de cinco mil pessoas

Por Tiago Bacelar
DURHAM - A edição deste ano da Animazement aconteceu no período de 23 a 25 de maio nas dependências do Hotel Sheraton Imperial, na Carolina do Norte, Estados Unidos. A convenção reuniu diversos convidados especiais. Dentre eles: Kara Edwards, Mitsuo Fukuda, Takako Furukawa, Caitlin Glass, Keiko Han, Kyle Hebert, Scott Houle, Akira Kamiya, Takeshi Kusao, Vic Mignogna, Kotono Mitsuishi, Ryuusei Nakao, Jouji Nakata, Michihiko Suwa, Koichi Tsunoda, Kumiko Watanabe, Yasuo Yamaguchi e Maya Yamao.
Desde 98, quando foi criado, a Animazement é realizada no final de semana do "Memorial Day", feriado americano em homenagem aos homens e mulheres do país que morreram em guerra como soldados. Em todas as suas edições, a Animazement promove atrações regulares, tais como: musicais, danças, karaoke, o Anime Hell (concurso de pior video clip) e um concuro com os melhores Anime Music Videos; além de palestras e workshops com os convidados da convenção.
A dubladora Keiko Han, que fez as voz da gata Lua e da Rainha Beryl na versão original do anime Sailor Moon, cumpriu sua promessa da edição do ano passado da Animazement e trouxe com ela direto do Japão, a dubladora original da personagem Sailor Moon, Kotoko Mitsuishi.
Além de ter dublado a protagonista do anime Sailor Moon, produzido pela Toei Animation, Kotoko Mitsuishi emprestou sua voz para Mink, de Dragon Half, Mirelle Bouquet, de Noir, Excel, de Excel Saga, e Misato, de Evangelion. Essa três últimas séries podem ser vistas no Brasil, dubladas em português pela Álamo, no canal Animax. Durante sua palestra na Animazement, Kotoko disse: "Quando interpretei a Sailor Moon, me identifiquei bastante com a personagem. Toda vez que terminava de gravar os capítulos, pensava sobre a performance que tinha feito. Um dos momentos que mais gostei, foi quando a Sailor Moon salvou a Sailor Saturno, que tinha acabado de entrar na série. Recentemente, voltei aos estúdios para fazer a Misato novamente na nova animação da série Evangelion. Foi um pouco trabalhoso, em virtude do hiato de 13 anos, desde a última vez que a tinha dublado. Eu queria atuar com a Misato, realçando a minha experiência na sua voz. O diretor da série vetou e pediu que fizesse a mesma versão de antes. Sem escolha, tive que rever a versão original para pôr a mesma voz nessa nova dublagem. No fim, tudo terminou saindo bem."
Na maioria das circustâncias, Mitsuishi se inspira para compôr suas interpretações, depois de concluído todo o processo de animação. "Nada é automático, uma voz pode normalmente ter várias mudanças de entonação, com e sem a animação, antes de gravar minhas falas. O processo de gravação demora em torno de três horas para um episódio de meia hora. Freqüentemente, as falas são gravadas como estão escritas no script, porque o estilo japonês é fazer a animação primeiro para depois gravar os dialógos no trabalho já concluído. Embora, algumas vezes, eles permitem que o ator adicione elementos de sua criação, quando o mesmo se sente a vontade no seu papel". Keiko Han conta que: "quando estava interpretando meu primeiro papel em Be Forever Yamato, fiquei tão entretida na personagem que em determinada cena, fiz uma expressão de choque e não pude continuar com as minhas falas. Eu achei que seria prejudicada com isso. Mas, para a minha surpresa, o diretor amou e alterou a animação para encaixar a minha fala. A partir daí, não parei mais".
Poucas interpretações de personagens de animação nos últimos anos foram tão intensas e profundas, principalmente no que diz respeito ao timbre, como Edmond Dantes, em Gankutsuou - o Conde de Monte Cristo, adaptação da obra de Alexandre Dumas, feita pelo estúdio Gonzo Digimation, e Alucard, da série de terror Hellsing. Por trás dessas brilhantes atuações nas dublagens originais, está o dublador japonês Jouji Nakata, que esteve na Animazement para falar do seu trabalho numa palestra. "Há algum tempo, estava fazendo uma peça de teatro. Um produtor me viu e pediu para eu dublar o Alucard. Aceitei na hora. Percebi que tinha que criar uma voz que fosse ao mesmo tempo sexy e insana. Eu considero esse papel como o trabalho da minha vida e espero que os OVAs do anime baseado no mangá original de Kouta Hirano terminem, pois, caso contrário, pretendo continuar fazendo o Alucard por muito tempo."
Quando os dubladores de língua inglesa são convidados para falar sobre como deve ser o começo da profissão, eles dizem que a melhor resposta essa questão está na preparação vocal, agindo, para desenvolver as competências necessárias para lidar com papéis difíceis. Nakata tem essa mesma opinião, e tem atuado no Japão, graças a sua experiência na arte de interpretar, seja no teatro, na TV ou no cinema. "O metódo japonês de dublagem consiste em duas dimensões com uma técnica vocal e não tridimensional com uma presença vocal física, como se o dublador estivesse lá presente naquela produção", disse ele.
Essa opinião de Nakata vem da tendência das escolas de dublagem visarem uma preparação de profissionais, voltados para trabalhos com animes, do que para interpretações em geral. "Todas as minhas performances em filmes americanos dublados em japonês são feitas, ouvindo o idioma original, o inglês. Fico impressionado pelo modo como os dubladores atuam, de corpo inteiro. Se esse tipo de atuação chegasse ao Japão, os animes teriam dublagens melhores".
Assim como o Coyote dos desenhos da Warner Bros dos anos 50, o Sargento Keroro, um sapo, aparenta estar destino a uma vida de eterna frustração, tentando se aproximar de um objetivo que ele é incapaz de alcançar. A diferença entre o coyote e o sapo é que o sapo tem uma vida doméstica em um típico lar japonês. O sapo fala também muito e tem uma voz - Kumiko Watanabe, que dublou também Shippo, em Inu-Yasha, cujo mangá é publicado no Brasil pela Editora JBC.
"Esse anime, que usa sapos para conquistar a Terra, é muito engraçado. Ninguém considera que um sapo possa dominar o mundo, e ainda está a graça da série", diz Watanabe. A série parodia muito da vida japonesa deste século XXI. "Keroro é um homem de meia idade. Ele não é uma criança. Ele se assemelha com a cultura japonesa, quando é subjugado pelo seu chefe. Isso se parece com a vida de um homem de negócios. É um desenho animado, que retrata a realidade de algumas pessoas. Você tem que trabalhar além do expediente como Keroro faz algumas vezes. O desenho mostra uma parte da vida real de um homem de negócios no Japão", explica Kumiko.
Na série, há inúmeras referências ao estilo dos Simpsons de brincar com a cultura pop, sendo que alguns deles vem dos próprios dubladores. "O que acho único em Keroro é que todos os atores do elenco de dublagem acabam por participar da criação dos roteiros finais de cada episódio. Nós temos emoções específicas, que expressamos com a nossa voz. E algumas vezes, dizemos alguma coisa que é muito popular como representar comédias ou shows. Se você escutar os dialógos, verá que são falas ditas de forma muito rápida. As conversas são sempre como um jogo de pingue-pongue. Você tem que atuar mais".

Um comentário:

Anônimo disse...

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