Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u418335.shtml
Mais uma tentativa de resolver o contra-senso tecnológico dos violinos --os mais antigos são melhores que os atuais. Desta vez, segundo pesquisa publicada hoje na revista científica "PLoS One", o grande segredo da qualidade de som dos Stradivarius e dos Del Gesù pode estar na densidade dos dois tipos de madeira usados, respectivamente, por Antonio Stradivari e Giuseppe Guarnieri del Gesù, ambos luthiers de Cremona, cidade da Itália.
A idéia do radiologista Berend Stoel, da Universidade de Leiden (Holanda), foi colocar sete violinos e uma viola (construídos recentemente) em um tomógrafo computadorizado. Ele fez o mesmo com dois Stradivarius e três Del Gesù, todos fabricados entre 1715 e 1735. Hoje, o preço desses instrumentos vai de US$ 1 milhão a US$ 3,5 milhões. Não só pela grife, mas por causa da extrema qualidade do som que emitem.
A principal diferença obtida pelas medições feitas pelo cientista holandês --ele assina o trabalho ao lado do luthier americano Terry Borman-- está na densidade das madeiras dos instrumentos antigos.
Em comparação com os atuais violinos, tanto o pinheiro-da-noruega (Picea abies) quanto o bordo (Acer platanoides) --ambos usados na construção de um violino, mas em partes diferentes--, apresentavam no século 18 um grau de dureza parecido. As madeiras usadas em Cremona não eram nem muito duras, nem muito moles --diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
Os instrumentos contemporâneos apresentam uma diferença de densidade entre as madeiras. O pinheiro usado no tampo (parte da frente de um violino) é mais duro do que antes. Enquanto o bordo, usado na parte de trás, não apresenta muita diferença.
"Esse é apenas um item que pode explicar a diferença entre os violinos do passado e os de agora", diz a Folha a física Maria Lúcia Grillo, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Segundo a cientista, que estuda acústica musical, vários outros segredos já foram especulados. "Posso elencar uma lista deles. E os próprios autores fazem isso agora. Um, por exemplo, é o tipo de tratamento utilizado para a madeira. O verniz poderia ser importante, assim como a aplicação de amônia ou o fato de a madeira ter sido colocada sobre o vapor-d'água também".
O próprio pesquisador da Holanda, em seu estudo, diz que a densidade pode ser apenas um fator importante para explicar a diferença na vibração do violino ou na modificação da irradiação do som. "Ele apenas ajuda a entender o som superior dos instrumentos antigos", escreve ele.
Para o maestro brasileiro Luís Roberto Perez, formado na USP, mas hoje também ligado ao departamento de Física da Uerj, não adianta querer ficar "redescobrindo a pólvora". Ele afirma que o segredo dos Stradivarus e dos Del Gesù está definitivamente perdido.
"Tem até um outro fator, [além dos mais científicos]. Esses violinos sempre foram tocados por grandes músicos. Isso, inclusive, acaba melhorando o próprio instrumento ao longo do tempo", afirma o músico. Para Perez, seria melhor tentar melhorar os violinos de hoje e ponto final. "Existe o problema do lobo [vibração irregular que ocorre entre algumas notas], que me incomoda bastante quando estou tocando", diz o também violinista.
Mais uma tentativa de resolver o contra-senso tecnológico dos violinos --os mais antigos são melhores que os atuais. Desta vez, segundo pesquisa publicada hoje na revista científica "PLoS One", o grande segredo da qualidade de som dos Stradivarius e dos Del Gesù pode estar na densidade dos dois tipos de madeira usados, respectivamente, por Antonio Stradivari e Giuseppe Guarnieri del Gesù, ambos luthiers de Cremona, cidade da Itália.
A idéia do radiologista Berend Stoel, da Universidade de Leiden (Holanda), foi colocar sete violinos e uma viola (construídos recentemente) em um tomógrafo computadorizado. Ele fez o mesmo com dois Stradivarius e três Del Gesù, todos fabricados entre 1715 e 1735. Hoje, o preço desses instrumentos vai de US$ 1 milhão a US$ 3,5 milhões. Não só pela grife, mas por causa da extrema qualidade do som que emitem.
A principal diferença obtida pelas medições feitas pelo cientista holandês --ele assina o trabalho ao lado do luthier americano Terry Borman-- está na densidade das madeiras dos instrumentos antigos.
Em comparação com os atuais violinos, tanto o pinheiro-da-noruega (Picea abies) quanto o bordo (Acer platanoides) --ambos usados na construção de um violino, mas em partes diferentes--, apresentavam no século 18 um grau de dureza parecido. As madeiras usadas em Cremona não eram nem muito duras, nem muito moles --diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
Os instrumentos contemporâneos apresentam uma diferença de densidade entre as madeiras. O pinheiro usado no tampo (parte da frente de um violino) é mais duro do que antes. Enquanto o bordo, usado na parte de trás, não apresenta muita diferença.
"Esse é apenas um item que pode explicar a diferença entre os violinos do passado e os de agora", diz a Folha a física Maria Lúcia Grillo, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Segundo a cientista, que estuda acústica musical, vários outros segredos já foram especulados. "Posso elencar uma lista deles. E os próprios autores fazem isso agora. Um, por exemplo, é o tipo de tratamento utilizado para a madeira. O verniz poderia ser importante, assim como a aplicação de amônia ou o fato de a madeira ter sido colocada sobre o vapor-d'água também".
O próprio pesquisador da Holanda, em seu estudo, diz que a densidade pode ser apenas um fator importante para explicar a diferença na vibração do violino ou na modificação da irradiação do som. "Ele apenas ajuda a entender o som superior dos instrumentos antigos", escreve ele.
Para o maestro brasileiro Luís Roberto Perez, formado na USP, mas hoje também ligado ao departamento de Física da Uerj, não adianta querer ficar "redescobrindo a pólvora". Ele afirma que o segredo dos Stradivarus e dos Del Gesù está definitivamente perdido.
"Tem até um outro fator, [além dos mais científicos]. Esses violinos sempre foram tocados por grandes músicos. Isso, inclusive, acaba melhorando o próprio instrumento ao longo do tempo", afirma o músico. Para Perez, seria melhor tentar melhorar os violinos de hoje e ponto final. "Existe o problema do lobo [vibração irregular que ocorre entre algumas notas], que me incomoda bastante quando estou tocando", diz o também violinista.
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