terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Alemanha relembra os 80 anos do dramaturgo Heiner Müller

Heiner Müller
'Hamlet-Máquina', encenada por Dimiter Gotscheff em 2007

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dw/ult1908u488261.shtml

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3933344,00.html

A publicação de três volumes contendo entrevistas concedidas por Heiner Müller a partir de 1965 faz parte de uma série de homenagens prestadas ao dramaturgo morto em 1995, que teria completado 80 anos neste 9 de janeiro.
Seu semblante sombrio, os óculos de aros grossos, o charuto na mão e o copo de uísque ao lado são, para alguns, "a cara" da primeira metade dos anos 90 na Alemanha. A ressaca da queda do Muro, a Berlim ainda dividida de fato (mesmo que não mais oficialmente) e a herança viva de uma Alemanha Oriental que na época ainda não era apenas um registro nos livros de história.
Nascido no estado da Saxônia a 9 de janeiro de 1929, o dramaturgo, poeta e diretor de teatro Heiner Müller tornou-se logo depois da queda do Muro presença constante na mídia do país reunificado, embora suas peças tenham sido escritas, na maioria, ainda nos tempos da República Democrática Alemã (RDA). O país que, a partir de um determinado momento, passou a não simpatizar com o olhar crítico do dramaturgo, tendo proibido inclusive algumas de suas peças. Por isso (mas não apenas por isso), Müller já havia se tornado bem antes de 1989 um nome cultuado na então Alemanha Ocidental.
Reflexão sobre a história
O dramaturgo morreu a 30 de dezembro de 1995, vítima de um câncer de esôfago, exatamente na metade da década de 90, em plenos anos despreocupados do neoliberalismo. Atento, dizia em 1991: "Não é preciso se preocupar com alternativas anticapitalistas, pois o capitalismo não tem mais alternativas, ele não tem mais nenhum inimigo a não ser a si mesmo". O que naquele momento "pode ter parecido bizarro, é hoje um comentário sóbrio sobre a crise financeira", assinala o jornal berlinense Der Tagesspiegel.
Heiner Müller é lembrado, acima de tudo, como um dos principais autores que refletiram sobre a história do país. "Pois sem Müller faltariam nos palcos alemães dois elementos essenciais: por um lado ele foi o último autor de teatro alemão que teve coragem de não somente tematizar a história, mas também de representá-la. Como dramaturgo histórico, escreveu não somente a respeito da história recente como a do comunismo (em Cimento ou Mauser) ou a da Segunda Guerra (em Estrada de Wolokolamsk), mas também sobre os prussianos de peruca", escreve o diário Berliner Morgenpost.
Das celebrações que lembram o dramaturgo no país faz parte a exibição pelo canal de TV 3Sat do documentário Ich will nicht wissen, wer ich bin – Heiner Müller (Não quero saber quem sou – Heiner Müller), dirigido por Christoph Rüter, com depoimentos de, entre outros, Roberto Wilson e Jeanne Moreau. O teatro Schauspiel Frankfurt, o Deutsches Theater e a Academia das Artes em Berlim promovem também debates e leituras da obra do autor.

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